aprendizagem

(gr. mathesis; in. Learning; fr. Apprendre; al. Erlernung; it. Apprendimentó).

Aquisição de uma técnica qualquer, simbólica, emotiva ou de comportamento, ou seja, mudança nas respostas de um organismo ao ambiente, que melhore tais respostas com vistas à conservação e ao desenvolvimento do próprio organismo. Esse é o conceito que a psicologia moderna dá de aprendizagem, apesar da variedade de teorias que apresenta. Esse conceito, além disso, não é senão a generalização de uma noção antiquíssima de aprendizagem, considerado como forma de associação. Foi Platão o primeiro a ilustrar essa noção com sua teoria da anamnese: “Sendo toda a natureza congênita e tendo a alma aprendido tudo, nada impede que quem se lembre de uma só coisa — que é o que se chama aprender — encontre em si mesmo todo o resto, se tiver constância e não desistir da procura, porque procurar e aprender nada mais são do que reminiscência” (Men., 81 d). O aprendizagem é, segundo Platão, devido à associação das coisas entre si, pela qual a alma pode, após haver captado uma coisa, captar também a outra que a esta se encontra vinculada. Não foi substancialmente diferente a teoria proposta por Herbart: o aprendizagem é apercepção. A apercepção, para Herbart, é o fenômeno pelo qual uma “massa de representações” acolhe em si uma nova representação que pode, de algum modo, ligar-se àquelas (Psychol. als Wissenschaft, 1824, II, 125 ss.). Teoria semelhante foi exposta e ilustrada por Wundt (Grundriss der Psychologie, 1896, p. 249 ss.), e de Wundt passou a toda a psicologia psicofísica.

Na psicologia contemporânea, o mesmo conceito de aprendizagem como associação foi ilustrado e posto em novas bases por Thorndike, que formulou sua doutrina com base na observação de organismos animais, mas cujas conclusões logo foram estendidas ao homem. Segundo Thorndike, o aprendizagem é um processo de tentativas e erros Trial and Error), guiado pela operação de prêmio e punição. As primeiras reações a uma situação problemática são dadas ao acaso. Quando uma dessas reações obtém êxito, é escolhida nas tentativas seguintes, logrando enfim eliminar as outras. Thorndike formulou a chamada lei do efeito, segundo a qual a resposta a um estímulo é reforçada se seguida por um prêmio. Segundo Thorndike, esses dois fatores, a repetição da reação adivinhada e o prêmio, bastam para explicar todos os processos do aprendizagem e, portanto, toda a conduta do homem (cf. Animal Intelligence. Experimental Studies, 1911; The Psychology of Wants, Interests and Attitudes, 1935, esp. p. 24). Mais recentemente, as mesmas ideias foram generalizadas por Hull, que insistiu nos móveis do aprendizagem, vendo neles um estado de necessidade. Um estímulo condicionado pode permanecer ligado a uma resposta que o segue só se esta produzir uma diminuição da necessidade (Principles of Behavior, 1943).

Se essa doutrina é ou não suficiente para explicar o aprendizagem humano, é coisa em que os psicólogos não estão de acordo (cf. a discussão respectiva em E. R. Hilgard, Theories of Learning, 1948). A dúvida diz respeito ao problema de saber se o aprendizagem consiste simplesmente em dar respostas adivinhadas ou se também implica a escolha inteligente de tais respostas com base em determinados porquês. Parece difícil excluir do processo humano do aprendizagem as opções inteligentes guiadas pelas relações expressas pelos sinais “se”, “mas”, “como”, “apesar de”, etc. Desse ponto de vista, o fato de o homem entender a relação entre os sinais e as respostas é um elemento do aprendizagem irredutível à pura lei do efeito (cf. M. Wertheimer, Productive Thinking, 1945). [Abbagnano]