apatia

gr. apatheia: doutrina estoica de, pathos 12, apatheia, passim; origens no cinismo, apatheia 4; ligação com a imortalidade da alma e intelecto, pathos 10 [FEPeters]


(gr. apatheia; in. Apathy; fr. Apathie; al. Apathie; it. Apatia).

Esse termo significa propriamente insensibilidade, mas no uso filosófico antigo designou o ideal moral dos cínicos e dos estoicos, isto é, a indiferença em relação a todas as emoções, o desprezo por elas: indiferença e desprezo alcançados mediante o exercício da virtude. Nesse sentido, para o qual a insensibilidade não é um dom inato e natural, mas um ideal de vida difícil de alcançar, cínicos e estoicos viram na apatia a própria felicidade (Dióg. L, VI, 1, 8-11). Kant viu na apatia um ideal nobre, mas acrescentou que a natureza foi sábia quando deu ao homem a simpatia, para guiá-lo provisoriamente — antes que nele a razão alcançasse a maturidade —, como auxílio óu apoio sensível à lei moral e sucedâneo temporário da razão (Antr., § 75). As Idades Moderna e Contemporânea, apesar da forte influência que a ética estoica sempre exerceu, não se mostram propensas ao ideal da apatia, já que são levadas a reconhecer o valor positivo das emoções e a evitar, por isso, a condenação sumária e total destas, que está compreendida na noção de apatia (v. emoção).


a) Literalmente: ausência de toda paixão. Este estado de indiferença (apatheia) figura no estoicismo como o ideal do sábio. A apatia é intuída para excluir todos os fatores que possam turvar a hegemonia da razão na alma. Os estoicos pregavam o aniquilamento das paixões pela razão, como um meio de conservar o domínio de si mesmo. A apatia estoica (v. estoicismo) nada tem que ver com a resignação ou a paciência em face do mal.

b) Apatia também se chama uma insensibilidade não aspirada, mas fática. Assim chamamos apático o caráter de um indivíduo que reage pouco e fracamente em virtude de uma falta de irritabilidade emocional.

Essa significação moderna da palavra já se encontra em Aristóteles, que distingue entre uma apatia do espírito, a quem nada afeta, e uma apatia da sensibilidade, que, após uma comoção excessiva, por um fator sensível, não é mais susceptível de outras afecções. [MSGA41IC]