antítese

a) Oposição de sentido entre dois termos ou duas proposições. Essa oposição pode ser contraditória ou contrária, mas geralmente refere-se à última.

b) Num sentido mais lato, usa-se, também, referente à oposição que há entre dois caracteres ou duas tendências, etc.

c) Na lógica transcendental de Kant, como, depois, na terminologia de Fichte, Hegel e nos dialéticos modernos, a antítese, como oposto a tese, ganha uma significação especial, que, porém, se baseia na nossa primeira definição. (Vide: tese e dialética). [MSGA41IC]


(gr. antithesis; in. Antithesis; fr. Antithèse; al. Antithesis; it. Antitesi).

1. Contraposição: Aristóteles diz que a contradição é uma antítese que não tem termo médio (An. post., I, 2, 72 a 10).

2. Um dos dois termos da contraposição, aquele que se opõe à tese. Nesse sentido, Kant chamou de antítese o segundo membro da antinomia e Hegel chamou de antítese o segundo membro do procedimento dialético, mais precisamente “momento dialético” ou “negativo racional”. [Abbagnano]


Sabem todos que a dialética platônica decompõe o movimento do raciocínio em três tempos sucessivos — a tese, a antítese, e a síntese. O mesmo íntimo critério preside ao movimento da ode grega, ou de toda a ode — a estrofe, em que se determina a ideia; a antístrofe, em que se lhe opõe a ideia contrária, que a própria posição daquela exige; o epodo, em que se conciliam as duas. Nem sempre assim era na realização da ode: sempre assim deveria ser.

Toda opinião é uma tese, e o mundo, à falta de verdades, está cheio de opiniões. Mas a cada opinião compete uma contra-opinião, seja crítica da primeira, seja complemento dela. Na realidade do pensamento humano, essencialmente flutuante e incerto, tanto a opinião primária, como a que lhe é oposta, são em si mesmas instáveis; não há síntese, pois, nas coisas da certeza, senão tese e antítese apenas. Só os Deuses, talvez, poderão sintetizar.

A estes escritos chamo antíteses porque representam, em sua íntima substância, contra-opiniões, desmascaramentos, desilusão. A certeza com que cada um pensa o que julga que pensa convém opor a certeza com que se pode pensar o contrário, com que se consegue tornar lógico o absurdo […] [Fernando Pessoa]