anamnesis

άνάμνησις: recollection, re-seeing; relembrança, re-visão [GA19]

anámnêsis: memória, recordação

A aceitação, por parte de Platão, da teoria pitagórica da metensomatose (ver palingenesia, psyche) dá oportunidade para a resolução de um sério problema epistemológico, i. e., como se conhecem as realidades imutáveis já formuladas por Sócrates como definições éticas e em via de se tornarem os eide platônicos, particularmente se o conhecimento dos sentidos (ver doxa) é tão claramente pouco digno de confiança? Haverá soluções posteriores, como eros e dialektike, mas inicialmente é a anamnesis que garante este conhecimento. No Ménon 80e-86c Sócrates ilustrara a possibilidade de, por meio de diagramas (estes reaparecerão na Republica 510d; ver dianoia, mathematika) e interrogatório apropriado, trazer à superfície o conhecimento de objetos incapazes de serem percepcionados pelos sentidos; no Fédon 72e-77a este é oferecido como prova da preexistência da alma e ligada à doutrina dos eide. Temos conhecimento dos eide que não podemos ter adquirido através dos sentidos, por conseguinte devem ter sido adquiridos num estado pré-natal durante o qual estivemos em contato com as formas. A teoria aparece uma vez mais num contexto mítico e religioso no Fedro 249b-c, e pelo menos implicitamente na visão concedida às almas antes do nascimento destas no Timeu 41e-42b (confrontar a visão no Fedro 247c-248b, e a dificuldade em recordá-la, ibid. 249e-250d); ver eidos. (FEPeters)


anámnesis (he): reminiscência, anamnese.

Num famoso trecho do Mênon (82a-86c), Sócrates, interrogando habilmente um jovem escravo ignorante, consegue fazê-lo chegar ao princípio pitagórico da duplicação do quadrado. Conclui daí que “a verdade existe desde sempre em nossa alma” (86b). Finalmente, “todo saber é reminiscência” (81d); no Fédon (72e-78a), isso possibilita um argumento a favor da imortalidade da alma. Teoria adotada por Plotino (IV, 111,25: V, IX, 5). [Gobry]


ANAMNESIS = MEMÓRIA, RECORDAÇÃO, LEMBRANÇA

E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória (anamnesis) de mim. (Lc 22:19)

E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória (anamnesis) de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória (anamnesis) de mim. (1Co 11:24-25)

Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração (anamnesis) dos pecados, (Heb 10:3)


PHILOKALIA
Citações dos Padres — em nosso site francês

Cassiano: CONFERÊNCIAS XIV-12


PERENIALISTAS
René Guénon: ESTADOS PÓSTUMOS
Es pues un grave error hablar aquí [[processo de morte] de “recuerdo”, como lo ha hecho Colebrooke en la exposición que ya hemos mencionado; la memoria, condicionada por el tiempo en el sentido más estricto de esta palabra, es una facultad relativa únicamente a la existencia corporal, y que no se extiende más allá de los límites de esta modalidad especial y restringida de la individualidad humana; así pues, forma parte de esos elementos psíquicos a los que hemos hecho alusión más atrás, y cuya disolución es una consecuencia directa de la muerte corporal.

CORAÇÃO E CÉREBRO
A memória também é designada por palavras similares (grego mnêsis, mnêmosyné); ela, de fato, nada mais é que uma faculdade “reflexiva”, e a Lua, num certo aspecto do seu simbolismo, é considerada representativa da “memória cósmica”.

Ananda Coomaraswamy: ANAMNESIS; MEMÓRIA

Frithjof Schuon: O ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA

Shankarâchârya, tão mal interpretado por alguns, não pensa de outra forma quando especifica, nos seus comentários aos Vedanta-Sutras, que “o mundo que pertence ao estado intermediário (o sonho) não é real no mesmo sentido em que o mundo feito de éter e de outros elementos é real”. Ele declara, também, que “as visões de um sonho são atos de lembrança, enquanto as visões do estado de vigília são atos de consciência imediata (de percepção). E a distinção entre a lembrança e a consciência imediata é reconhecida por todo mundo como sendo baseada na ausência ou presença do objeto”. E, finalmente: “Essa flutuação (do sonho), que se fundamenta unicamente nas impressões mentais (vâsanâ), não é real.” Tudo isto, entenda-se bem, concerne aos sonhos comuns, não às visões, cuja realidade objetiva é evidente, dada a sua causa sobrenatural.

Titus Burckhardt: INTRODUÇÃO ÀS DOUTRINAS ESOTÉRICAS DO ISLÃ

El significado de «recuerdo» implícito en la palabra dhikr, califica indirectamente el estado ordinario de olvido e inconsciencia (ghaflah) del hombre: el hombre ha olvidado su propio ser pretemporal en Dios y este olvido fundamental trae consigo otros olvidos y otras inconsciencias. Según una máxima del Profeta: «Este mundo está maldito y todo lo que contiene está maldito, salvo la invocación (o el recuerdo) de Dios (dhikr-Ullâh)». Dice el Corán: «En verdad la oración impide las transgresiones pasionales y los pecados graves, pero la invocación de Dios (dhikr-Ullâh) es más grande» (XXIX, 45); lo que, según unos, significa que la mención — o el recuerdo — de Dios constituye la quintaesencia de la oración; mientras que, según otros, este pasaje indica la excelencia de la invocación en relación con la oración.


ÍNDIA
Tantra: MEMÓRIA