(gr. anamnesis; in. Reminiscense; fr. Réminiscence; al. Reminiszens; it. Anamnesi).
O mito da anamnese é exposto por Platão em Ménon, como antítese e correção do “princípio erístico” de que não é possível ao homem indagar o que sabe nem o que não sabe, pois seria inútil indagar o que se sabe e impossível indagar quando não se sabe o que indagar. A este discurso, que “pode tornar-nos preguiçosos e agrada muito aos fracos”, Platão opôs o mito segundo o qual a alma é imortal e, portanto, nasce e renasce muitas vezes, de tal modo que viu tudo neste mundo e noutro, pelo que pode, em certas ocasiões, recordar o que sabia antes. “E como toda a natureza é congênere e a alma apreendeu tudo, nada impede que quem se recorde uma só coisa (que é aquilo que se chama de ‘aprender’) encontre em si todo o resto, se tiver coragem e não se cansar na busca, já que buscar e aprender não são mais que reminiscência” (Men., 80 e-81 e). Croce chamou de anamnese o processo do conhecimento histórico, já que seu sujeito, o Espírito Absoluto, não tem outra coisa a fazer senão recordar ou rememorar aquilo quê está nele; e as fontes da história (documentos e ruínas) só têm a função de fazer rememorar. (Teoria e storia della storiografia, 1917, pp. 12 ss.; La storia come pensiero e come azione, 1938, p. 6). [Abbagnano]