a) O que se processa por análise ou que constitui uma análise. O «método analítico» do pensamento é o que se baseia no juízo, indução e silogismo, e que constitui o procedimento ordinário do espírito; ele se opõe ao «método sintético», que procede por meio de tese, antítese e síntese.
b) Kant chama de «juízo analítico» aquele cujo predicado está contido no sujeito: «O predicado B ou pertence ao sujeito A, como algo que se acha contido de maneira oculta no conceito A; ou B se encontra completamente fora do conceito A, embora tenha, ao mesmo tempo, alguma ligação com aquele. No primeiro caso chama juízo «analítico», no outro «sintético». (Vide A priori).
c) Na Psicologia, distingue-se uma tendência analítica de uma tendência sintética do espírito, que se acha geralmente em diferentes indivíduos, diferentemente pronunciada. A primeira considera as coisas nos seus elementos; a segunda as considera no seu conjunto.
d) Línguas analíticas chamam-se aquelas que tendem a salientar a ideia principal, separando-a dos termos com os quais ela se acha em relação, termos que, por sua parte, estão sendo expressos cada um por uma palavra própria. O conjunto das palavras obedece, então, a uma ordem lógica e predeterminada. Línguas sintéticas, pelo contrário, são aquelas que tendem a reunir várias ideias em um único termo composto, de forma que a frase inteira, com os seus elementos justapostos, exige que o espírito lhes introduza a ordem lógica por um ato intuitivo de compreensão.
Geometria analítica é a ciência que traduz as figuras e propriedades geométricas em termos algébricos, e representa cada ponto de uma figura por suas coordenadas. [MFSDIC]
Depois de Kant, chama-se analítico ao juízo cujo predicado está compreendido no sujeito. Os juízos analíticos, diz Kant, “são aqueles em que a ligação do sujeito com o predicado se consegue por identidade”, contrariamente aos sintéticos, onde o predicado é alheio ao sujeito e a ligação não contem, portanto, identidade. Kant chama-lhes também juízos explicativos porquanto o atributo não acrescenta nada ao sujeito, mas apenas o decompõe em conceitos parciais compreendidos no mesmo. São exemplos de juízos analíticos: “todos os corpos são extensos”. “o triângulo é uma figura com três ângulos”, etc.
Estes juízos são todos a priori, isto é, válidos independentemente da experiência, ao contrário dos juízos sintéticos, que podem ser ou exclusivamente a posteriori ou então, como Kant também admite, a priori. Em rigor, a discussão versou quase sempre sobre a natureza dos juízos sintéticos.
Muitos autores não reconhecem a possibilidade de falar de juízos sintéticos a priori e afirmam – como se fazia antes – ou como faz grande parte das tendências neopositivistas contemporâneas – que todo o juízo sintético é a posteriori. Nesse caso, não se reconhece nenhum plano transcendental, único que, ao que parece, pode servir de elo e união entre o a priori e o sintético. Por outras palavras, os juízos sintéticos seriam todos derivados de experiências e os analíticos poderiam reduzir-se a tautologias. O juízo analítico não diria, em rigor, nada acerca do real. Esta concepção opõe-se, pois, decididamente à kantiana e opõe-se, por conseguinte, ao suposto último da filosofia transcendental de que o ser é o conjunto de fatos e de que a significação “se apresenta” ou inclusive “existe como númeno. Opõe-se também à solução dada por Husserl à concepção dos juízos analíticos e sintéticos. Husserl admite a possibilidade do pensar sintético sem necessidade de reconhecer um plano transcendental, porque refere tal pensar ao mundo de essências distintas das categorias, dos meros nomes e das realidades. Assim, para Husserl, há juízos a priori que não são puramente vazios e que também não precisam de ser transcendentais. Entre os lógicos contemporâneos, a tendência mais forte durante muito tempo consistiu em defender a impossibilidade dos sintéticos a priori. Parece que cada vez se acentuou mais o caráter exclusivamente analítico das proposições necessárias. Deste modo, houve tendência a excluir qualquer referência da proposição analítica-necessária à realidade e, portanto, a possibilidade de poder haver proposições analíticas acerca de caraterísticas gerais residentes no mundo ou nem sequer acerca de uma classe especial de objetos abstratos como os universais. Pouco a pouco, considerou-se inclusive que aquilo a que se chama proposição analítica não é senão uma regra de gramática. Como foi afirmado por Carnap e Wittgenstein, aquilo a que se chama analítico nas proposições analíticas não corresponde a uma “verdade universal necessária”, mas a “um modo de uso da linguagem”.
Pode, pois, dizer-se que, no nosso século, se deram duas respostas diferentes acerca da distinção entre as proposições analíticas e as sintéticas: 1. a que defendeu a separação que está dentro da tradição de Leibniz (em parte), Hume e outros, e preferiu apresentar os seus argumentos como resultado de uma reflexão sobre a índole das expressões lógicas; 2. A que negou essa distinção e que foi defendida, principalmente, pelos idealistas, os fenomenólogos e os pragmatistas. [Ferrater]