afetação

VIDE affectio, pathos, pathema

A coisa da situação humana (πρᾶξις [praxis]) tem não só o seu tema, mas também uma perspectiva específica que lhe dá acesso e um modo como se processa a sua tematização. A constelação de problemas que lhe corresponde são as situações humanas nos seus mais variados matizes: na relação que há com outros seres do mesmo gênero que o humano, com seres de outro gênero; enfim no comportamento humano relativamente a si próprio. O que se mostra em cada situação (πρᾶξις) por que se passa é uma afetação, algo que se sente e que está nos limites do prazer e do sofrimento. Ao esforço de interpretar estas afetações corresponde já um primeiro nível elementar da fenomenologia. Um modo de superar a afetação patológica interrogando-a pelo seu ser. A pergunta pela compreensão do sentido do sofrimento ou pela compreensão do sentido do prazer corresponde à pergunta pela essência da patologia. Perguntar pela essência desta estrutura de acontecimento é perguntar pela possibilidade ativa de lhe reagirmos e de podermos de uma forma positiva escolher a possibilidade extrema da ação, a possibilidade da excelência (ἀρετή [arete]). Perguntar pela possibilidade da excelência (ἀρετή) só pode acontecer numa situação crítica, em que a situação total em que somos se mostra sem sentido.

É assim, no desdobramento entre o plano patológico e afetivo sofrimentoprazer (λύπη-ἡδονή [lypehedone]) e o plano constitutivo de compreensão, que supervisiona o primeiro e lhe procura identificar a lógica, que se realiza uma fenomenologia da situação humana (πρᾶξις) no constante esforço de determinação da possibilidade autêntica da nossa existência. Isto é, a possibilidade de se encontrar a excelência que nos permite ultrapassar a condição, aparentemente inanulável e incontornável, que desde sempre determina a nossa natureza. [CaeiroArete:20]