adiáfora

(gr. adiaphora; in.; fr.; al., Adiaphora; it. Adiaforà).

Cínicos e estoicos chamaram de adiáfora, isto é, indiferentes, todas as coisas que não contribuem nem para a virtude nem para a maldade. P. ex., a riqueza, a saúde podem ser utilizadas tanto para o bem como para o mal; são, portanto, indiferentes para a felicidade dos homens; não porque deixem os homens indiferentes (na realidade, suscitam o seu desejo), mas porque a felicidade consiste somente no comportamento racional, isto é, na virtude (DióG. L., VII. 103-104).

Os estoicos distinguiam três significados de indiferença. O primeiro indica aquilo a respeito do qual não se prova nem desejo nem repulsa como, por ex., o fato de que os cabelos da cabeça sejam em número par. O segundo indica aquilo pelo que se sente excitação ou repulsa, mas não mais por isto do que por aquilo, como no caso de duas moedas idênticas das quais é preciso escolher uma. No terceiro sentido, diz-se que é indiferente “o que não contribui nem para a felicidade nem para a infelicidade, como a saúde e a riqueza ou, em outros termos, aquilo de que se pode fazer bom ou mau uso” (Pirr. hyp., III, 177). Kant usou esse termo para indicar as ações julgadas moralmente indiferentes, isto é, nem boas nem más (Religion, I, observação e nota relativa) (v. latitudinarismo; rigorismo). [Abbagnano]