(lat. abstractus)
1. Diz-se daquilo que é considerado como separado, independente de suas determinações concretas e acidentais. Uma ideia abstrata é aquela que se aplica à essência considerada em si mesma e que é retirada, por abstração, dos diversos sujeitos que a possuem. Ex.: a brancura. a sabedoria, o orgulho etc. Ela é tanto mais abstrata quanto maior for sua extensão: o vivente é mais abstrato do que o animal, pois compreende também o vegetal.
2. Produto da abstração que consiste em analisar o real mas considerando separadamente aquilo que não é separado ou separável. Oposto a concreto. [DBF]
Denominam-se abstratas as representações a que não corresponde nenhuma intuição sensível ou as que apresentam seu objeto despido das notas individuantes. As representações abstratas servem ou para operar uma classificação, quando a inteligência, prescindindo das notas particulares, avança até obter conceitos mais gerais, p. ex. homem, ser sensitivo, ser vivo, etc. (abstractio totalis), ou então para conhecer a estrutura lógica dos conceitos e a estrutura metafísica da realidade, enquanto a inteligência, sujeito, separa o elemento formal, p. ex. de sábio separa a sabedoria (abstractio formalis). As representações abstratas são, pois, ou conceitos universais todavia concretos na medida em que integrados por sujeito e íorma (o homem), ou conceitos formais cujo conteúdo é a forma isenta de sujeito (humanidade, ser homem). — Esta abstração do sujeito não é a mesma em todos os casos. No conceito de uma forma física é ao menos co-pensada ainda a relação a um sujeito (indeterminado), visto a forma física ser essencialmente parte constitutiva de um concreto físico (p. ex. a rotundidade relativamente ao redondo). Pelo contrário, no conceito de uma forma metafísica prescinde-se também de toda relação a um sujeito. Tal consideração metafísica visa, pois, a forma enquanto tal, puramente em si, e é, sem mais, apenas aplicável no caso das chamadas perfeições puras ( Deus), as quais também podem existir realmente sem sujeito, identificando-se então com o Ser subsistente (subsistência). O metafisicamente abstrato é, portanto, o que há de mais real, embora cognoscível somente por meio do raciocínio. O conhecimento humano integral conduz, pela via do abstrato, a uma compreensão mais profunda do concreto. Sobre o abstrato em Hegel, concreto. — abstração. — [Brugger].
Psicologia. e Lóg. 1. (Ctr.: concreto). Que constitui uma abstração. Uma ideia é “mais ou menos abstrata” que outra, conforme sua compreensão seja mais ou menos restrita que a dessa outra. —> Não se deve dizer que um fenômeno psíquico é “abstrato” por não ser perceptível pelos sentidos (ver Concreto). — Epist. 2. Ciências abstratas. Expressão ambígua que designa: a) quer, na ling. corrente, as Matemáticas, a Física matemática, às vezes até mesmo a Lógica e a Metafísica; — b) quer, em Augusto Comte, as ciências cujo objeto é “a descoberta das leis que regem as diversas classes de fenômenos”, op. às ciências concretas, que aplicam essas leis “à história efetiva dos vários seres existentes”: neste sentido, até mesmo a Fisiologia e a Sociologia são abstratas; — c) quer, em Spencer, aquelas que tratam “das formas sob as quais os fenômenos se nos apresentam” (Lógica e Matemáticas), op. às ciências abstrato-concretas, que estudam “os fenômenos em seus elementos” (Mecânica, Física, Química) e às ciências concretas, que tratam dos fenômenos “considerados em seu conjunto” (Astronomia, Geologia, Biologia, Psicologia, Sociologia). — Estét. 3. Arte abstrata (Ctr.: figurativa): a que visa a produzir o efeito estético pela mera combinação de formas ou de cores, sem procurar reproduzir a realidade sensível. [PVLF]