Pandora

Foi ao divino coxo, Hefestos, que Zeus confiou o cuidado de fabricar a primeira mulher. Para obedecer à ordem de seu pai, Hefestos destemperou a argila, amassou-a e modelou-a sob as formas de uma virgem radiosa, parecida com as Deusas que habitavam o Olimpo. Terminada essa estátua, deu-lhe, como alma, uma faísca de fogo. Seus olhos, então, abriram-se, os membros se desataram e a boca falou. Para enfeitá-la, Atena, de olhos garços, ornou-a com um cinto e ricas roupagens, as Cárites colocaram, em seu alvo colo, colares de ouro brilhantes. Afrodite, de sorriso tentador, espalhou sobre sua cabeça a graça feiticeira; as Horas, de belas tranças, coroaram-na com flores primaveris, e o próprio Zeus, dizem, fez-lhe presente de uma caixa maravilhosa.

— Toma esta caixa, — disse-lhe — mas não a abras jamais, pois os bens que ela contém para longe de ti fugiriam e todos os males viriam oprimir-te em seu lugar!

Pandora, este era o nome da primeira mulher, não tardou, movida pela curiosidade, a suspender a tampa da caixa encantada. Todos os bens imediatamente saíram. Somente a Esperança ficou, pois Pandora, recolocando em tempo a tampa da caixa, interceptou-lhe o voo. [Meunier]