apostasia

a) Consiste no abandono e na oposição a uma ideia ou doutrina anteriormente aceita. A apostasia tem um papel destrutivo e também construtivo, pois, se atua como fator de decadência do grupo, também atua como fator de formação de um novo grupo.

b) O termo é empregado, religiosamente, no sentido do que abandona a sua religião para seguir outra.

c) Politicamente: o que abandona opiniões ou princípios, passando para partidos adversos.

d) Sociologicamente: é a dissidência, ao renegar a anterior posição social. [MFSDIC]


APOSTASIA = ABANDONO DA , RENEGAÇÃO, DESERÇÃO

Michel Henry: ENCARNAÇÃO (MHE)

(…) “a carne é capaz de receber a vida” pela razão essencial de que é da Vida que ela provém. E muito precisamente o que a releitura joanina do Gênesis ensinou a Irineu, a apercepção da criação não como posição fora de si de uma coisa mundana, mas como geração de uma carne pela insuflação da vida num corpo de barro — por esse sopro da vida que [338] é seu Espírito. O que Irineu leu explicitamente em Paulo: “Vosso corpo é o templo do Espírito Santo”. Como essa vinda da Vida numa carne define a criação do homem enquanto seu nascimento transcendental, neste se estabelece uma conaturalidade entre a essência divina e a nossa, tal como o afirma Irineu: “Assim, nós pertencemos a Deus por nossa natureza”. Só uma história trágica pôde desfazer essa pertença nativa de nossa carne à Vida, e essa história — ou, antes, o Arquiacontecimento que a domina e se repete incansavelmente nela — é a da Apostasia do pecado, cujas sequências bruscamente rompidas pelo “salto” nós traçamos. É esse salto na Apostasia o que destruiu nossa natureza original e que, não cessando de se reproduzir nela, não cessa de destruí-la. “A Apostasia nos tinha alienado contra nossa natureza.” Essa pertença nativa de nossa carne ao Verbo de Vida, só a vinda desse Verbo numa carne semelhante à nossa, sua Encarnação, poderá restabelecê-la. Mas são as condições dessa Encarnação o que Irineu nos ajuda a compreender melhor. (Michel Henry MHE)