antecipação

(Do latim “ante” e “capere”, tomar antes).

a) Epicuro designava com esta expressão (em grego: prolexis) um conhecimento ou uma noção geral, que serve para nos fazer conceber de antemão um objeto, que ainda não nos caiu sob os sentidos. Mas, essas ideias gerais deveriam, segundo Epicuro, derivar, como todas as outras, da sensação, embora construídas por uma multidão de noções particulares, anteriormente adquiridas.

b) O mesmo termo foi adotado, posteriormente, pela escola estoica, aplicando-se ao conhecimento natural do absoluto, o que hoje chamamos os princípios a priori.

c) Kant dá-lhe um sentido ainda mais restrito, pois entende por antecipações da percepção (Antipationem der Wahrnehmung) os julgamentos a priori, que aplicamos, em geral, sobre os objetos de experiência, antes de havê-los percebido.

d) É o prévio conhecimento de futuros acontecimentos. Em contraste com expectação, quer expressar uma captação imediata cognitiva do futuro. [MFSDIC]


(gr. prolepsis; lat. anticipatio; in. Anticipation; fr. Anticipation; al. Antizipation; it. Anticipazione).

Com esse termo, os lógicos estoicos e epicuristas designavam os conceitos gerais (de gênero e espécie) na medida em que, por meio deles, os dados da experiência eram “antecipados” pela mente (Dióg. L., VII, 1, 54). Na filosofia moderna, na esteira da polêmica epicurista contra o papel atribuído pelos estoicos às antecipação no conhecimento, Francis Bacon e outros filósofos usam antecipação em sentido depreciativo, para indicar uma hipótese gratuita, não confirmada pela experiência (Nov. Org., I, 26). Em Kant, Antizipationen der Wahrnehmung (“antecipação da percepção”) designa o segundo grupo de princípios sintéticos apriori do intelecto, dependente da regra apriori, segundo a qual “em todos os fenômenos o real objeto da sensação tem uma qualidade intensiva, isto é, um grau” (v. conceito). [Abbagnano]