vício

(gr. kakia ; lat. vitium; in. Vice; fr. Vice; al. Laster; it. Vizio).

1. O contrário da virtude nos vários significados deste termo. Com referência ao conceito aristotélicoestoico de virtude como hábito racional da conduta, o vício é um hábito (ou uma disposição) irracional. Neste caso, são vícios os extremos opostos cujo meio-termo é a virtude: p. ex., a abstinência e a intemperança diante da moderação, a covardia e a temeridade diante da coragem, etc. Neste sentido, a palavra vício só se aplica às virtudes éticas. Com referência às virtudes dianoéticas ou intelectivas, vício significa simplesmente a falta delas: falta que, segundo Aristóteles, é vergonhosa somente como participação malograda nas coisas excelentes de que participam todos os outros, ou quase todos, ou pelo menos os que são semelhantes a nós, ou seja, os que têm nossa idade ou que são de nossa cidade, família ou classe social (Ret., II, 6,1383b 19; 1384a 22).

2. Portanto, o sentido mais geral de vício é a falta ou deficiência de alguma característica que um objeto qualquer (no sentido mais amplo) deveria ter segundo a regra ou a norma que lhe diga respeito. Nesse sentido geral, pode-se falar e fala-se de vício lógico ou de vício jurídico, etc. (Abbagnano)


O defeito, imperfeição (vício de conformação). — Em moral, o vício é a disposição permanente para fazer o mal; geralmente resulta de um “desvio” artificial das tendências naturais. Por exemplo, fumar é um vício na medida em que daí resulte um mal para o organismo; na medida, também, em que o primeiro cigarro provoca geralmente uma repulsa física natural e em que somente um desvio das tendências naturais pode fazer dessa prática uma necessidade física. (V. mal, perverso.) (Larousse)


A vida na sociedade humana favorece a eclosão dos vícios sociais, mas isto não é, certamente, uma razão para não se resistir a eles, muito pelo contrário. Deve-se a vitória sobre os vícios aos homens que nos rodeiam tanto como a Deus, que nos observa e que nos julgará.

Está em primeiro lugar o orgulho; é se sobrestimar ao mesmo tempo que se subestima os demais; é a negativa a aceitar a humilhação quando a natureza das coisas a exige; e é ipso facto tomar por uma humilhação toda atitude que revela simplesmente nossos limites. Logo vem o egoismo: é não pensar mais que no próprio interesse e, por conseguinte, esquecer o dos demais. Neste setor donde se situam o egocentrismo e o narcisismo, sem esquecer a susceptibilidade. Depois está a necessidade: é a falta de discernimento entre o essencial e o secundário, e daí essa fealdade moral que é a mesquinhez; é também a falta de sentido das proporções, logo das prioridades. Quanto à maldade, é a vontade de prejudicar a outro, de uma forma ou outra; é especialmente a maledicência, a calúnia e o rancor. E, por último, a hipocrisia: consiste em praticar todos os vícios praticando ao mesmo tempo os atos de piedade, os quais, nesse contexto, se tornam sacrílegos. (Schuon PP)