Máximo, o Confessor, São (580-662)
Nascido em Constantinopla, foi o teólogo bizantino mais importante do séc. VII, comentarista e seguidor da doutrina mística do Pseudo-Dionísio. Sua obra, no entanto, centrou-se na defesa da doutrina cristológica dos padres gregos. Influiu poderosamente na teologia e mística da Idade Média.
Deste grande cristão, o que primeiro devemos resenhar é a sua própria vida. Secretário do imperador Heráclio I, deixou seu cargo em 613 para empreender uma vida monástica próxima de Crisópolis (Bitínia). Fugindo da invasão persa de 626, dirigiu-se ao norte da Africa, onde tomou parte da controvérsia monotelista em Cartago. Decididamente inclina-se para dupla vontade, divina e humana, na única pessoa de Cristo, e a defende. Em 645, enfrentou-se com o patriarca Pirro de Constantinopla, exilado em Cartago, diante de quem defendeu a dupla vontade de Cristo contra os monotelistas e os monofisitas. Chamado a Roma em 649, tomou parte muito direta e ativa no sínodo local que, presidido pelo Papa Martinho I, proclamou a doutrina da dupla vontade de Cristo frente aos monotelistas. Como consequência disto, tanto Máximo quanto Martinho foram presos e torturados pelo imperador Constantino II. O Papa Martinho foi exilado. Máximo foi capturado e levado de novo a Constantinopla, onde esteve na prisão de 653 a 655. Durante esse tempo, foi pressionado e torturado para que aceitasse a doutrina da única vontade em Cristo. O exílio foi a resposta à sua negativa. Em 661 foi trazido novamente a Constantinopla para ser submetido a novas prisões e torturas. Diz-se que lhe cortaram a língua e o braço direito por não ceder às exigências do poder imperial. Isto lhe valeu um último exílio, próximo do mar Negro, onde morreu em 662.
São Máximo é conhecido com o título de “O Confessor”, sem dúvida por sua atitude valente e sincera na defesa da ortodoxia. Seu nome está vinculado aos padres gregos que o precederam na defesa da mesma. Sua doutrina ficou sancionada no Concílio de Constantinopla em 680-681.
Conhecido também como o “pai da teologia bizantina”, São Máximo escreveu perto de 90 obras importantes sobre diversos temas, mas principalmente em torno da teologia cristocêntrica e do misticismo. A maioria das obras de São Máximo aparece em forma de comentário ou de coleção de máximas. Entre suas obras destacam-se os Opuscula theologica et polemica. Os Ambígua (comentários das obras de São Gregório Nazianzeno), e os Scholia (comentários ao Pseudo-Dionísio). Nesses três tipos de obras, o centro das especulações teológicas de São Máximo é o Deus–homem.
“Para ele, o logos é a razão e o fim último de tudo o criado. A história do mundo encerra um duplo processo: o da Encarnação de Deus e o da divinização do homem. Esse último processo pode iniciar-se graças à Encarnação para restabelecer no homem a imagem de Deus. Como princípio deste segundo processo, Cristo deve, necessariamente, ser verdadeiro Deus e verdadeiro homem. As duas naturezas não se mesclam nele, nem rompem a unidade de sua pessoa. Posto que a cada uma delas está unida a capacidade de querer, em Cristo subsistiam duas vontades: a divina e a humana; porém a vontade humana era conduzida à decisão e à ação pela vontade divina” (PG 19, 48).
Em seu 400 capita de caritate, São Máximo propõe um humanismo cristão, calcado na vida diária e na caridade. “O homem pode conhecer Deus, não em si mesmo, mas somente através das coisas criadas, das quais Deus é causa.”
“Em seu ser em si, Deus é inconcebível e inefável. Não obstante, se damos as costas às paixões que contrastam com a razão e nos elevamos até o perfeito amor de Deus, podemos alcançar um conhecimento de Deus que transcende a razão e o procedimento discursivo e no qual Deus se revela imediatamente.”
“Ao conhecimento de Deus não se pode chegar com a capacidade da natureza humana, mas pela graça divina; contudo, esta não opera por si só, mas eleva e aperfeiçoa a capacidade própria do homem.”
BIBLIOGRAFIA: Obras: PG 90-91. (santidrián)