germe

Aquilo que está contido no “Ovo do Mundo” é, na verdade idêntico ao que, como dissemos antes, está também contido simbolicamente no coração e na caverna, na medida em que esta lhe é equivalente. Trata-se aqui daquele “germe” espiritual que, na ordem macrocósmica, é designado pela tradição hindu como Hiranyagarbha, ou seja, literalmente, o “embrião de ouro”. Esse “germe” é na verdade o Avatara primordial, e vimos que o local do nascimento do Avatara, bem como do que lhe corresponde do ponto de vista microcósmico, é representado de forma precisa pelo coração ou pela caverna. Seria talvez possível objetar-se que bem como em muitos outros casos, o Avatara é expressamente designado como Agra, enquanto se diz que é Brahma que se envolve no “Ovo do Mundo”, denominado por esse motivo Brahmanda, para aí nascer como Hiranyagarbha. Porém, como, na realidade, os diferentes nomes, designam apenas os diversos atributos divinos, que têm sempre conexão entre si e não são de modo algum entidades separadas, e como se pode notar em particular neste caso, onde o ouro é considerado como a “luz mineral” e o “sol dos metais”, a própria designação Hiranyagarbha o caracteriza de fato como um princípio de natureza ígnea. E a essa razão acrescenta-se ainda a sua posição central, para que possa ser simbolicamente assimilado ao Sol, que, de resto, é também em todas as tradições uma das figuras do “Coração do Mundo”. (Guénon)