Chesterton

Chesterton, Gilbert Keith (1874-1936)

Crítico e autor inglês de uma versátil e originalíssima personalidade. Cultivou a poesia, o ensaio, a novela, a narração curta, a biografia etc. Tudo o que Chesterton diz — com estilo inimitável — o conduz ao paradoxal, ao contraste, ao absurdo e, principalmente, ao riso e até à gargalhada. Mas também há sua faceta de cristão católico convencido e beligerante. De fato, Chesterton publicou, em 1908, Ortodoxia, a obra que aponta para sua ruptura definitiva com o credo unitário no qual havia sido educado, e a plena aceitação das verdades cristãs. Em 1922, passou para a Igreja católica, acrescentando ainda mais vivacidade e controvérsia a sua vida e escritos.

Os estudiosos da obra de Chesterton costumam distinguir nele o crítico social da primeira época de jornalista que evolui do liberalismo ao socialismo, e deste — junto a seu amigo H. Belloc, cristão e medievalista — ao distribucionismo, favorável à distribuição da terra. A seguir, vem sua segunda preocupação: a crítica literária e a controvérsia, que o transformam na primeira figura nacional. Não menos interessante é sua obra de ficção literária: a novela policial e de suspense e a coleção de novelas curtas. Basta citar algumas como O homem que era quinta-feira (1908), ou a série dedicada ao Padre Brown: A inocência do P. Brown (1911), A sabedoria do P. Brown (1914), A incredulidade do P. Brown (1926), O segredo do P. Brown (1927) e O escândalo do P. Brown (1935).

Nosso interesse centra-se aqui no aspecto mais sério e profundo de Chesterton: suas convicções e crenças cristãs. As suas primeiras obras, Hereges (1905) e Ortodoxia (1909), deve-se acrescentar Igreja católica e conversão (1926); Afirmações e negações (1934); seu ensaio de teologia histórica, O homem eterno (1925); suas biografias de São Francisco e de Santo Tomás (1923 e 1933 respectivamente). E, finalmente, sua^wfo-biografia (1936).

— “O universo é um intricado tecido — diz em Ortodoxia — de admirável variedade, e sua explicação é o cristianismo, que contém dentro de si tudo o que de verdadeiro e justo podem dar as demais religiões e filosofias”.

— A ortodoxia, ao contrário da heresia, é equilíbrio, difícil porém rico, entre exigências contrapostas e tensões internas da realidade. “Não há nada tão cheio de perigos nem tão excitante quanto a ortodoxia; ela é sabedoria, e ser sábio é mais dramático que ser bobo” (Ortodoxia).

— Em seus ensaios leva a irreverência paradoxal até a sua mais completa falta de seriedade. Assim, diz em sua Defesa da nescidade: “A nescidade e a são as duas afirmações simbólicas supremas da verdade”. E, no entanto, esse homem, que dominava o paradoxo como ninguém, fez uma obra de ideias e de grandes e categóricas verdades. Em suas inumeráveis biografias, pesquisas e ensaios sobre literatos, poetas, santos e escritores, supera-se sobretudo quando tem de sustentar um desafio dogmático às ideias de seu tempo. Predominava nele um interesse fundamental, o religioso, que não ficava isolado e sectário, mas que animava os diversos problemas que se lhe apresentavam.

BIBLIOGRAFIA: Obras: Clásicos dei siglo XX. Plaza e Janés, Barcelona, 4 vols. Além destas existem traduções de obras avulsas. (Santidrián)