thymós: espírito, animus ver noûs, psyche, kardia. [FEPeters]
Esse termo vago encerra a afetividade em suas diversas formas: sentimento, humor, paixão, fervor, arrebatamento.
Segundo a transliteração usual, o radical grego thym torna-se em latim thym-. O próprio termo torna-se, em francês, thymus (timo), que em anatomia designa uma glândula de crescimento situada contra o coração; portanto, nesse caso, a etimologia foi explorada de um ponto de vista totalmente orgânico. Em psicologia, o sufixo -timia designa o humor: um esquizotímico é um introvertido, e um ciclotímico é um indivíduo de humor mutável.
Em Pitágoras (segundo Alexandre Poliístor, DL.,VIII, 30), a alma humana tem três estágios: noûs (noûs), phren (phrén), thymos (thymós); este último parece ser a sede das tendências infra-intelectuais. Por outro lado, em Heráclito essa palavra significa sentimento, quando afirma que é difícil lutar contra o coração (fr. 85). Platão também divide a alma em três partes: epithymia (epithymía), thymos (thymós) e logos (lógos). O thymós, parte central, tem sede no peito e preside à vida afetiva; é a faculdade da coragem (andreia / andreía): virtude específica dos guerreiros, que regra a impulsividade (Rep., IX, 580c-583a). Em Timeu (69d), o thymós é a paixão irracional, surda aos conselhos salutares. Em Ética eudemeia (eudemeia), Aristóteles arrola o thymós entre as paixões, mas então é preciso traduzir por cólera (essa paixão se chama orge / orgé na Ética nicomaquéía e na Ética magna).
Retomando a teoria platônica, Plotino constata que se divide a parte irracional da alma (to alogon / tò álogon) em duas: desejo (epithymia / epithymía) e coração (thymos / thymós); e considera como sede deste último o coração anatômico: kardia / kardía (IV, IV, 28). Encontra-se o adjetivo neutro substantivado to thymikon / tò thymikón, com o mesmo significado. Em Pitágoras — explica Aécio (IV, IV, 1) —, a parte da alma desprovida de razão dividia-se em duas: o thymikon / thymikón e o epithymetikon / epithymetikón, alma sensitiva. [Gobry]