teologia dialética

A teologia dialética é uma corrente da teologia protestante, representada principalmente por K. Barth, E. Brunner, F. Gogarten e outros, e que visa renovar a primitiva teologia da Reforma. Com Lutero, ela afirma a completa incapacidade do homem decaído para conhecer a Deus e para o bem natural. A razão nunca pode dizer algo sobre Deus, nem sequer em sentido análogo. Entre Deus e o mundo medeia um abismo que não permite conhecer a Deus, partindo do mundo. Este abismo é apenas transposto por Deus, quando se dirige ao homem pela revelação. A revelação deve justificar-se por si mesma. Não é possível provar o fato da revelação pela razão. O objeto da revelação só pode ser determinado por enunciados opostos (dialéticos), os quais não podem ser absorvidos num terceiro mais elevado (como em Hegel), nem harmonizados entre si (como sucede na escolástica). Em sua evolução posterior K. Barth, para fugir às críticas que lhe fizeram, abrandou sua doutrina, reconhecendo certa analogia dos enunciados da , analogia que foi instituída por Deus.

A teologia dialética, aqui exposta em suas linhas primitivas, básicas, e de um ponto de vista filosófico, vê só o contraste entre Deus e o mundo. Na analogia do ser, “pecado original” da razão humana, entrevê ela uma doutrina que coloca Deus e o mundo num mesmo plano, com desconhecimento da doutrina clássica, segundo a qual Deus é, mercê de sua essência, o fundamento da ordem ontológica, sem estar, por forma alguma, subordinado a esta. Nenhum predicado, nem sequer o ser, convém de igual modo a Deus e à criatura; e o modo como convém a Deus, sabemo-lo particularmente por via de negação. Para a teologia dialética, ser criatural é equivalente de pecado e de afastamento de Deus, ao passo que para a concepção escolástica, o ente, enquanto tal, é ontologicamente bom (valor) e Deus o reconhece também como valioso. O pecado original, segundo a teologia católica, teve como consequência a perda dos dons sobrenaturais (sobrenatural), mas não a destruição ou mutilação essencial da natureza humana, que continuou possuindo, embora notavelmente restringida, a possibilidade tanto do conhecimento natural de Deus quanto da ação moral, em conformidade com a sua natureza. — A e a verdade revelada devem ser razoáveis. Por isso, o homem deve procurar obter para si uma certeza prática acerca do fato da revelação. E até mesmo, quando não haja maneira de penetrar a possibilidade interna da revelação, pode a razão crente formular uma concepção desta, isenta, pelo menos, de contradição formal. — Brugger.