Teofrasto

Teofrasto (c.372-287 a.C.) Filósofo grego (nascido na ilha de Lesbos) peripatético: foi discípulo de Aristóteles e o sucedeu ria direção do “Liceu. Distinguiu-se em botânica: escreveu uma História das plantas, uma Botânica teórica, Opiniões dos físicos, de que restam apenas fragmentos, e uma obra intitulada Caracteres, na qual se inspirou o escritor francês La Bruyère para escrever o seu famosíssimo livro Les caractères ou moeurs de ce siècle (1688). Escreveu também um pequeno tratado de metafísica em que retoma as teses aristotélicas. [Japiassu]


Assim como a velha academia continua a última fase do ensinamento platônico, também a escola peripatética apresenta as caraterísticas do último período da atividade de Aristóteles, dedicado principalmente à organização do trabalho científico e a investigações particulares.

À morte de Aristóteles, sucedeu ao mestre na direção da escola Teofrasto de Eresso, em Lesbos que a dirigiu até à sua morte, ocorrida entre 288 e 286 a.c. a sua atividade científica orientou-se sobretudo para o campo da botânica. conservaram-se duas obras: história das plantas e as causas das plantas, que fizeram dele o mestre daquela disciplina durante toda a antiguidade e até ao final da Idade Média. Foi também autor das Opiniões Físicas, uma espécie de história das doutrinas físicas de Tales a Platão e a Xenócrates, da qual nos restam alguns fragmentos. também se conservou um escrito moral, Os Caracteres.

Teofrasto formulou numerosas críticas a pontos concretos da doutrina aristotélica, mas manteve-se fiel aos ensinamentos fundamentais do mestre. contra a doutrina do intelecto ativo objectou que são incompatíveis com a função daquele intelecto o esquecimento e o erro. contra o universal finalismo das coisas, professado por Aristóteles, notou que, na natureza, muitas coisas não obedecem à tendência para o fim e, se esta tendência é própria dos animais, não se revela nos seres inanimados que são os mais numerosos na natureza. em compensação defende a doutrina aristotélica da, eternidade do mundo contra as objeções que lhe vinham sendo feitas.

Na obra Os Caracteres, que provavelmente não nos chegou na sua forma original mas numa redação retocada, descreve com uma certa argúcia trinta tipos de caracteres morais (o importuno, o vaidoso, o descontente, o fanfarrão, etc.) pode dizer-se que Teofrasto aplicou à vida moral, nesta obra, o mesmo método descritivo empregado por ele no estudo da botânica. [Abbagnano]