(gr. pinax agraphes; lat. tabula rasa).
Expressão que indicou, às vezes, a condição da alma antes da aquisição dos conhecimentos. Essa expressão nasce da comparação do processo de aquisição de conhecimentos com o processo de impressão de sinais ou letras sobre tabuinhas cobertas de cera ou de escrita sobre página. Trata-se de comparação bastante antiga, que já se encontra em Esquilo (Prom., 789). Platão comparava a alma a um bloco de cera onde se gravam as sensações e os pensamentos de que depois nos lembramos (Teet., 191 d; Fil., 39 a). Aristóteles comparava o intelecto a uma tabuinha onde nada está escrito (De an., III, 4, 430 a I). Os estoicos comparavam a parte hegemônica da alma a um papiro onde serão escritos os sinais das coisas, ou seja, as representações (Plutarco, Plac, IV, 11; v. Galeno, Hist. philos., 92; Sexto Empírico, Adv. math., VII, 228). A mesma comparação é depois repetida com frequência (Fílon, Ali. leg., I, 32; Boécio, Phil. cons., V, 4; etc), mas a expressão “tabuinha sem escrita” encontra-se pela primeira vez no comentador de Aristóteles, Alexandre de Afrodisia (cerca de 200 a.C); na Idade Média foi usada por Tomás de Aquino (De an., a. 8, resp.; Suma Teológica, I, q. 89, a. 1, ad 3S).
Locke utilizou essa imagem para expressar a tese da origem empírica dos conhecimentos (Ensaio, II, I, 2) e Leibniz a usou na sua crítica a essa tese de Locke (Nouv. ess., II, I, 2). Desde então essa expressão passou a indicar a tese empirista sobre a origem do conhecimento e a negação do inatismo. [Abbagnano]