(gr. hypothesis; lat. suppositio; in. Supposition; fr. Supposition; al. Voraussetzung, Supposition; it. Supposizioné).
1. O mesmo que hipótese.
2. Na lógica terminista medieval, é o significado denotativo dos termos presentes na proposição, enquanto o significado em sentido estrito é o conotativo. Nesse sentido, a suposição é definida como uma positio pro alio, um estarem lugar de alguma outra coisa: p. ex., quando dizemos “o homem corre”, o termo “homem” está em lugar de Sócrates, Platão ou algum outro (Pedro Hispano, Summ. log., 6.03; Occam, Summa log., I, 63; Buridan, Sophysmata, 3; Alberto De Saxônia, Lógica) Com exceção de alguns casos isolados, a teoria da suppositio é mais ou menos uniforme em todos os lógicos do séc. XIV. Eles distinguiam três espécies fundamentais de suposição: pessoal, simples e material. Tem-se a suposição pessoal quando o termo está no lugar do objeto significado, qualquer que ele seja: coisa externa, palavra, conceito, sinal escrito ou outra coisa. Assim, nas frases: “o homem é um animal”, “o nome é parte da proposição”, “a espécie é um universal”, os termos homem, nome e espécie têm suposição pessoal porque estão no lugar dos respectivos objetos. Tem-se suposição simples quando o termo não está no lugar do objeto significado, mas de seu conceito. Assim, quando se diz “o homem é uma espécie”, o termo homem não está no lugar de “o homem”, mas do conceito “homem”. Finalmente, tem-se suposição material quando um termo está no lugar da palavra ou do sinal escrito, como nas frases “homem é substantivo” ou “está escrito homem”, onde homem está no lugar de uma palavra ou de um sinal escrito. Cada um desses atributos da suposição foi ainda subdividido pelos lógicos do séc. XIV e estudado em termos de dificuldades e problemas que apresentam. Para se ter uma ideia desses problemas, eis como Ockham enfrenta a dificuldade apresentada pela suposição do termo “homem” na proposição “o homem é a mais elevada das criaturas”. Aqui o termo “homem” não pode ter uma suposição simples porque não é o conceito homem que é a mais elevada das criaturas; tampouco pode ter uma suposição pessoal, porque, substituindo-se ‘homem’ por algum homem individual, o juízo torna-se falso. A solução é que a proposição tem uma suposição pessoal, mas que deve ser limitada, dizendo-se que o homem é a mais elevada de todas as criaturas que sejam diferentes dele. nesse caso, a proposição é verdadeira para cada indivíduo humano (Summa log., I, 66).
A teoria da suposição foi posta de lado quando a lógica terminista foi abandonada em favor da lógica mentalista, sob a influência do cartesianismo. Os problemas por ela tratados foram herdados pela teoria do conceito (cf. E. Arnold, Zur Geschichte der Suppositionstheorie, em Symposion, III, 1954; E. A. Moody, Truth and Consequence in Mediaeval Logic, 1953). [Abbagnano]
Por suposição entende-se o modo de aplicação de um sinal linguístico. Este indica em geral algo distinto, um conteúdo conceptual ( Conceito) e, por seu intermédio, um objeto: suposição formal ou significativo. Sendo o sinal da linguagem usado como idêntico a si mesmo, sem qualquer função designativa, fala-se de suposição material, como na proposição: homem é um vocábulo dissílabo. A suposição formal (uso do vocábulo por um objeto significado) é lógica (uso do termo pelo conceito como conceito, p. ex., homem é um conceito específico) ou real (uso do termo pela própria coisa: o homem é mortal); esta última suposição admite, por seu turno, diversos modos. A espécie de suposição deduz se do contexto. No raciocínio não deve variar a suposição dos termos. De Vries. [Brugger]