Sorge – (al.) = cura, cuidado, preocupação, ocupar-se antes. Usado por Heidegger para indicar a estrutura essencial da consciência humana e do mundo. É também a base de todo ser. [MFSDIC]
A palavra “cuidado (cura)”, que corresponde aproximadamente, se não exatamente, ao alemão Sorge, possui uma variedade de sentidos. Podemos observá-lo a partir dos adjetivos que ela forma e das palavras com as quais contrasta: “ansioso” e “despreocupado”; “cuidadoso” e “descuidado”; “atencioso” e “negligente”. Estas oposições não são o mesmo: uma pessoa pode ser, por exemplo, ansiosa e despreocupada simultaneamente. Na linguagem ordinária, nem todos são ansiosos, cuidadosos e atenciosos o tempo inteiro. Alguns de nós são despreocupados, descuidados ou negligentes. Heidegger faz duas inovações. Em primeiro lugar, utiliza “cuidado” em um sentido amplo que subjaz à sua ramificação entre o ansioso, o cuidadoso e o atencioso. Em segundo lugar, neste sentido de ” Sorge”, insiste ele, todos cuidam; ninguém é inteiramente despreocupado, descuidado ou negligente. Precisamente porque todos somos cuidadosos, neste sentido fundamental, é que podemos ser certas vezes despreocupados, descuidados ou negligentes nos sentidos ordinários ou, como diz Heidegger, nos sentidos “ônticos” dessas palavras. No sentido “ontológico” de “cuidado” (Sorge), todos cuidam. [Inwood]