Sophia

sophía: sabedoria, sabedoria teorética

O significado original da palavra liga-a a artesanato, ver Homero, 77. XV, 412; Hesíodo, Trabalhos, 651 (confrontar Aristóteles, Ethica Nichomacos VI, 1141a). Na época de Heródoto abrangia também um tipo mais teorético de preeminência, Hist. I, 29 (Sete «Sábios»), IV, 95 (Pitágoras como um sophistes). Heráclito (Diels, frg. 129) diz que esta sophia de Pitógoras não é senão um tratamento inadequado da polimatia. Para Platão há uma distinção implícita entre a verdadeira sophia que é o objeto da philosophia (ver Fedro 278d) e que, tal como a phronesis, se deve identificar com o verdadeiro conhecimento (episteme) (Teeteto 145e), i. e., um conhecimento dos eide, e, por outro lado, o praticante da falsa sophia, o sophistes do diálogo do mesmo nome. Para Aristóteles, sophia é a virtude intelectual mais elevada, distinta da phronesis ou sabedoria prática, (Ethica Nichomacos 1141a-b; 1143b-1144a), e também identificada com a metafísica, a prote philosophia na Metafísica 980a-983a. O «sábio» (sophos) torna-se o ideal estoico da virtude, ver SVF I, 216; III, 548; D. L. VII, 121-122, e o retrato crítico em D. L. VII, 123 e Cícero, Pro Mur. 29-31; ver também, philosophia, phronesis, episteme, endoxon. (FEPeters)


É tido por sophós, “hábil”, quem quer que testemunhe de uma maestria excepcional, domine seu material, sua língua, seus conhecimentos, os outros e ele mesmo. O mestre artesão, o poeta, o legislador, o “sábio” são figuras sucessivas do sophós; este deslocamento, referido por Aristóteles, coincide com o desenvolvimento da civilização e se dá conta da evolução do termo sophia. Formado a partir do adjetivo, a sophiá designa a certeza, o domínio, a qualidade da execução ou do discernimento, a arte de submeter o múltiplo ao uno: a valorização é, mais que o conteúdo, essencial à noção. Eis porque a sophia, “sabedoria”, é uma arete, “excelência”, da alma (será uma das quatro virtudes cardiais) e porque sophos encarnará, sobretudo nos estoicos, um ideal de perfeição, de infalibilidade, uma norma divina de conduta e de pensar. (Les Notions Philosophiques)


SOPHIA = SABEDORIA


EVANGELHO DE JESUS: Mt 11:19; Mt 12:42; Mt 13:54; Mc 6:2; Lc 2:40; Lc 2:52; Lc 7:35; Lc 11:31; Lc 11:49; Lc 21:15


sophia: “sabedoria”; sophos: “sábio”; sophizo: “tornar sábio”, “ensinar”, “instruir”; “tramar com astúcia”.

No NT, termos deste grupo de palavras acham-se principalmente em 1 Co 1-3 (25 vezes), ao passo que os Evangelhos usam-nos de modo relativamente raro e desigual (Mc uma só vez; Jo nenhuma vez; Mt 5 vezes e Lc 7 vezes;e, além disto, 4 vezes em Atos). O grupo de palavras acha-se 8 vezes nos escritos paulinos posteriores, 3 vezes em Tg, uma vez em 2 Pe e 4 vezes em Ap.

1. (a) O uso do grupo de palavras nos Evangelhos é ligado, de modo geral, aos conceitos tradicionais vétero-testamentários e judaicos, onde a sabedoria é o modo de um homem abordar a vida, que decorre da sua vida na aliança outorgada por Deus, e, assim, deve ser considerada a dádiva de Deus. Destarte, conforme Lc 2:40, 52, o menino Jesus, com doze anos, crescia em sabedoria e entendimento, e destinguia-Se por Seu conhecimento excepcional da lei (uma lembrança da ideia judaica de que a sabedoria e o conhecimento da lei são idênticos). Mc 6:2 retrata a surpresa dos habitantes de Nazaré por causa da sabedoria que fora dada ao filho do carpinteiro (cf. Mt 13 :54). Em Atos, também, Estêvão é representado como homem equipado por Deus com o Espírito Santo e a sabedoria, cujo testemunho não pode ser contradito por esta mesma razão (At 6:3, 10). Referência expressa é feita aos precedentes vétero-testamentários (At 7:10; cf. Gn 39:2-3, 21; 41:40-46; SI 105:21). A promessa da sabedoria para os discursos de defesa nas perseguições dos últimos dias que estavam para vir (Lc 21:15) também é formulada nos mesmos termos.

(b) Outro conceito — igualmente judaico — afetou um grupo de ditos que possivelmente tem sua fonte nos Logia. A tradição de uma Sabedoria entendida pessoalmente, que chama os homens para si, bem possivelmente fica por detrás da declaração extraordinária de que “a sabedoria é justificada por suas obras” (Mt 11:19, par. Lc 7:35 “por todos os seus filhos”). Jesus (e João, Sua testemunha) são vistos como porta-vozes da Sabedoria, que traz a salvação. Se incluirmos a introdução à palavra de julgamento contra “esta geração”, que em Lc 11:49 é introduzida como uma palavra da Sabedoria de Deus, mas que no par. Mt 23:34 e segs. é entendida como sendo uma palavra de Jesus, poderá ser compreendido que Jesus é a Sabedoria vinda à terra. Quando “esta geração” é confrontada com a Rainha do Sul que veio dos confins da terra a fim de ouvir a sabedoria de Salomão, a repreensão subentendida é corroborada com o comentário: “E eis aqui está quem é maior do que Salomão” (Mt 12:42 par. Lc 11:31; cf. 1 Rs 10:1-10; 2 Cr 9:1-12). A maneira mais fácil de entender estas palavras é pensar na Sabedoria celestial que os homens desprezam (cf. AT 3 (a)): em Jesus, esta sabedoria finalmente apareceu. Parece justificável falar de uma cristologia de sophia.

2. A mesma matéria relígio-histórica, embora, conforme W. Schmithals e outros, tenha forte colorido gnóstico, tem um papel para desempenhar na confrontação entre Paulo e o partido espiritual em Corinto que Schmithals identifica com os gnósticos (Gnosticism in Corinth, 1971). Em uma exposição fundamental de longo alcance, em que desenvolve sua teologia da cruz, Paulo contrasta a sabedoria do mundo com a mensagem da cruz. Deus tornou louca a sabedoria do mundo (1 Co 1:20; cf. 3:19). Não aconteceu através de palavras ou argumentos, onde sentenças da sabedoria mundana eram confrontadas com sentenças da sabedoria cristã.

3. Nas Epístolas paulinas posteriores, a sabedoria é entendida como dádiva da graça de Deus (Ef 1:8, 17; Q 1:9, juntamente com synesis, “compreensão”, “entendimento”, e phronesis, “compreensão”, “entendimento”) em que o crente pode crescer.

4. Para Tiago, a sabedoria é demonstrada no bom comportamento mediante obras de bondade (Tg 3:13).

5. No Apocalipse, sophia é louvada em dois textos em forma de hinos, como atributo de Deus (Ap 7:12; cf. também Rm 16:27); deve também ser atribuída ao Cordeiro morto na Sua exaltação (Ap 5 :12). O Cristo exaltado tem o mesmo poder e sabedoria que Deus. Nas outras duas passagens (Ap 13:18; 17:9), sophia é o conhecimento secreto dos cristãos, na base do qual podem interpretar os eventos e mistérios apocalípticos do seu tempo. (Excertos do “Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento”, de Coenen & Brown)


!
Orígenes: SABEDORIA

São Boaventura De reductione artium ad theologiam
Veja como a Sabedoria Divina está secretamente guardada na percepção sensitiva e como é maravilhosa a contemplação dos cinco sentidos espirituais em sua conformidade aos sentidos corporais.

Tomás de Aquino: SABEDORIA

Jacob Boehme: SABEDORIA

Henri Suso:
*SABEDORIA
*ETERNA SABEDORIA

Marie Madeleine Davy: Iniciação Medieval — SABEDORIA MEDIEVAL


sophía: sabedoria, sabedoria teorética

O significado original da palavra liga-a a artesanato, ver Homero, 77. XV, 412; Hesíodo, Trabalhos, 651 (confrontar Aristóteles, Ethica Nichomacos VI, 1141a). Na época de Heródoto abrangia também um tipo mais teorético de preeminência, Hist. I, 29 (Sete «Sábios»), IV, 95 (Pitágoras como um sophistes). Heráclito (Diels, frg. 129) diz que esta sophia de Pitógoras não é senão um tratamento inadequado da polimatia. Para Platão há uma distinção implícita entre a verdadeira sophia que é o objeto da philosophia (ver Fedro 278d) e que, tal como a phronesis, se deve identificar com o verdadeiro conhecimento (episteme) (Teeteto 145e), i. e., um conhecimento dos eide, e, por outro lado, o praticante da falsa sophia, o sophistes do diálogo do mesmo nome. Para Aristóteles, sophia é a virtude intelectual mais elevada, distinta da phronesis ou sabedoria prática, (Ethica Nichomacos 1141a-b; 1143b-1144a), e também identificada com a metafísica, a prote philosophia na Metafísica 980a-983a. O «sábio» (sophos) torna-se o ideal estoico da virtude, ver SVF I, 216; III, 548; D. L. VII, 121-122, e o retrato crítico em D. L. VII, 123 e Cícero, Pro Mur. 29-31; ver também, philosophia, phronesis, episteme, endoxon. (FEPeters)


É tido por sophós, “hábil”, quem quer que testemunhe de uma maestria excepcional, domine seu material, sua língua, seus conhecimentos, os outros e ele mesmo. O mestre artesão, o poeta, o legislador, o “sábio” são figuras sucessivas do sophós; este deslocamento, referido por Aristóteles, coincide com o desenvolvimento da civilização e se dá conta da evolução do termo sophia. Formado a partir do adjetivo, a sophiá designa a certeza, o domínio, a qualidade da execução ou do discernimento, a arte de submeter o múltiplo ao uno: a valorização é, mais que o conteúdo, essencial à noção. Eis porque a sophia, “sabedoria”, é uma arete, “excelência”, da alma (será uma das quatro virtudes cardiais) e porque sophos encarnará, sobretudo nos estoicos, um ideal de perfeição, de infalibilidade, uma norma divina de conduta e de pensar. (Les Notions Philosophiques)