sofrimento

Significa usualmente a privação de um bem, a mudança para pior; sofrem-se danos. Quando o sofrimento é atribuído a um ser dotado de conhecimento, pretende-se com isso significar não só a própria modificação para pior, mas ao mesmo tempo a experiência dessa modificação. A grandeza e profundidade do sofrimento depende não só da intensidade do dano, como também do modo e capacidade do conhecimento. Os animais, por serem só capazes de uma consciência imperfeita e de nenhuma autoconsciência reflexa, são menos sensíveis que o homem ao sofrimento e à dor. Deus é incapaz de sofrer, porque não pode ser atingido por nada que o prejudique. A possibilidade do sofrimento não é só uma consequência necessária da finitude; é também, como a experiência de inumeráveis homens o mostra, adequada, em larga escala, para que o homem alcance sua maturidade interior. Mas este valor não advém ao homem imediatamente por si, mas só pela maneira como este aceita e enfrenta o sofrimento; donde, o poder ficar frustrado. O sofrimento ensina ao homem, de um modo muito íntimo, que ele é um ser limitado e dependente; e que todos nós estamos obrigados a prestar-nos auxílio mutuamente, e que não devemos esperar nossa felicidade nesta existência terrena, etc. vide mal. — Brugger.


Frithjof Schuon estuda as nuances mais espirituais da questão:

Deus testa a do homem, que o homem deve provar.

A fé integral e sincera sempre implica uma renúncia, uma pobreza, uma privação, já que o mundo — ou o ego — não é Deus.

Deus prova removendo, o homem prova renunciando ….

O homem é o autor de seu infortúnio na medida em que ele é sentido como um sofrimento; o mundo é o autor dele na medida em que seu infortúnio se esforça para mantê-lo na ilusão cósmica; e Deus é o Autor dele na medida em que ele chega ao homem como uma sanção, mas também como uma purificação, portanto como uma provação. É evidente que o sofrimento em si mesmo não tem caráter de provação; o homem ímpio pode sofrer, mas em seu caso não há nada espiritual a ser provado” (Perspectives spirituelles et Faits humains, pp. 173-175).

A luz de Deus brilha através dos interstícios de um nobre rigor; no entanto, o sofrimento, que, como seu protótipo, a morte, está inevitavelmente ligado aos estados individuais de existência, deve ser aceito em vez de cultivado, sob o risco de gerar suicídio intelectual, se levado a extremos passionais, e de impedir o crescimento espiritual. O sacrifício como método é estabelecido pela tradição ou revelação, que fixa os limites formais; o resto é contingente e relativo. (TTW)