Do ponto de vista da fenomenologia transcendental constitutiva, as primeiras análises relativas aos objetos «não temporais» (idealidades) deverão ser reconsideradas. A intemporalidade destes objetos é, falando com propriedade, uma «omnitemporalidade» que corresponde à possibilidade de re-efetivação de atos intencionais com o mesmo sentido. Ela não escapa ao tempo, tanto no plano da consciência individual como no plano do desenvolvimento histórico. Uma «síntese passiva» opera no «mundo da vida», das pré-constituições, que se traduzem para a consciência atual pela apreensão direta de uma significação enunciável. O aprofundamento da constituição temporal conduz Husserl (Expérience et jugement, L’Origine de la Géométrie) a pôr em relevo as «sedimentações» de sentido e dos suportes específicos correspondentes: língua, escrita, na base das quais as idealidades puderam constituir-se e perpetuar-se. Temporalizando-se, a subjetividade transcendental é simultaneamente ativa e passiva face a si própria e ao mundo. [Schére]