Até o presente, consideramos o raciocínio sob o ponto de vista de sua estrutura lógica, independentemente do valor das proposições que ele contém. Porém, pode-se também considerar esta operação em seu conteúdo, em sua matéria, quer dizer, segundo a certeza de suas proposições. Assim vista, a demonstração pode, então, se apresentar sob duas formas principais: no caso em que as premissas do silogismo em questão são certas, tem-se o que se chama um silogismo demonstrativo ou científico; no caso em que essas premissas são simplesmente prováveis, tem-se um silogismo dialético ou provável, sendo aplicadas nos dois casos as mesmas leis formais.
Aristóteles, que havia analisado as regras formais do silogismo nos Primeiros Analíticos, consagrou seus Segundos analíticos ao estudo do silogismo demonstrativo. Este livro, que é um dos mais completos de sua obra, é ao mesmo tempo como que o centro do Organon, uma vez que a lógica tem como objeto essencial a constituição de uma teoria da ciência demonstrativa, ideal jamais abandonado aqui. Sabe-se que Tomás de Aquino escreveu um comentário sobre esse trabalho (cf. sobretudo I, 1. I a 25) . Encontrar-se-á igualmente uma interessante exposição no Cursus de João de Tomás de Aquino (Logica, II.a p.a, q. 24-25) . [Gardeil]