sensus communis

gr. aisthesis koine: a faculdade cognitiva e os seus objetos, aisthesis koine; e a percepção do número, arithmos 4 [FEPeters]


Para Aristóteles, o “sensus communis” parece preencher uma tríplice função: percepção dos sensíveis comuns, reflexão sobre a atividade sensível, separação e comparação dos objetos pertencentes a vários sentidos diferentes. Tomás de Aquino notifica apenas as duas últimas funções.

A. A consciência sensível.

Cada um dos sentidos particulares parece ter um mínimo de consciência de sua atividade. Ao menos sabe vagamente que funciona. Mas corno as potências sensíveis não refletem sobre si mesmas senão de maneira completamente imperfeita, é preferível atribuir este papel a um sentido distinto. Este é o “sensus communis” que percebe que vejo, que ouço, etc. Nele realiza-se e unifica-se o que se pode chamar de consciência sensível, estreita-. mente associada no homem, à consciência intelectual.

B. A centralização dos conhecimentos sensíveis.

O “sensus communis” não só tem consciência das atividades de cada um dos sentidos, mas ainda as aproxima e compara, o que não podem fazer os sentidos particulares, fechados nos limites de seus objetos próprios. Este objeto, que percebo atualmente, parece conjuntamente colorido e externo à minha vista, sonoro aos meus ouvidos, áspero e frio à minha mão: é graças ao “sensus communis” que estas sensações se reproduzem de modo simultâneo, e que se estabelece uma certa unidade, em minha consciência, entre estes dados diversos. Sem ele, a percepção global do objeto sensível seria inexplicável.

Por este poder de centralização dos dados sensíveis, vê-se que o sentido em questão só pode estar em estreita continuidade com os sentidos externos. Para Tomás de Aquino é uma espécie de fundo comum, aparecendo assim o sistema do conhecimento sensível como um feixe de potências radicadas em uma faculdade central. Todavia, o “sensus communis” continua sendo uma potência distinta com suas funções próprias. No conjunto do organismo do conhecimento, é uma espécie de ligação intermediária, encarregada, sobretudo, de transmitir às potências superiores os dados primeiros da sensação. Todos os animais, para Aristóteles, são necessariamente dotados deste sentido, enquanto os outros sentidos internos encontram-se apenas nos animais superiores. [Gardeil]