revisionismo

Num de seus sentidos estritos, o termorevisionismo” foi usado para caracterizar e criticar as posições adotadas por Eduard Bernstein dentro do marxismo. Como Bernstein defendeu uma reforma e uma revisão do marxismo num sentido favorável à manutenção das instituições democráticas dentro das quais, em seu entendimento, poder-se-ia abrir caminho, pacífica, evolutiva e legalmente, para o socialismo, um considerável número de autores marxistas, como Kautsky, consideraram que Bernstein tinha abandonado as teses capitais do marxismo. A palavrarevisionismo” passou, desde então, a ser frequentemente empregada como rótulo condenatório de posições consideradas heterodoxas. “Revisionismo” foi muitas vezes sinônimo de “desviacionismo”. De um ponto de vista ortodoxo, uma posição revisionista é uma posição errônea, quer “objetivamente”, quer “subjetivamente”.

O uso mais extenso de “revisionismo” é encontrado na literatura filosófica e política soviética, sobretudo durante a época stalinista. Embora o revisionismo possa ser de direita ou de esquerda, é comum associá-lo a um desvio direitista. A extrema ortodoxia da filosofia oficial soviética fez cair no âmbito do revisionismo muitas posições de renovação do marxismo (ver), que seus autores consideram justamente mais fiéis às intenções de Marx e aos métodos elaborados por ele. Daí o paradoxo de que os autores marxistas heterodoxos, por vezes chamados “neomarxistas”, tenham podido considerar, por seu turno, como “revisionistas” as posições defendidas pela filosofia oficial soviética em nome da ortodoxia, já que essas posições consistiram numa revisão e num posterior “congelamento” de uma série de teses mais ou menos simplificadas. [Ferrater]