(gr. argos logos; lat. ignava ratia; al. Faule Vernunft; it. Ragionpigrà).
Raciocínio ou argumento que leva à inércia. Já Platão chamava de preguiçoso o argumento sofista de que é inútil indagar por que não se pode indagar aquilo que se sabe (uma vez que se sabe) nem aquilo que não se sabe, uma vez que não se sabe o que indagar (Men., 86 b). Mas com o nome de razão preguiçosa chegou até nós especialmente um argumento de provável origem megárica, exposto pelo estoico Crisipo (Plutarco, Moralia, II, p. 574 e; cf. Stoicorum fragmenta, II, p. 277), que Cícero assim relatou: “Se for teu destino curar-te dessa doença, vais curar-te recorrendo ou não a um médico. Assim também, se for teu destino não te curares dessa doença, não vais curar-te recorrendo ou não ao médico. Ora, teu destino é uma dessas duas coisas; portanto, de nada te adianta recorrer ao médico” (De fato, 12, 28). Leibniz fez alusão a esse velho argumento megárico ou estoico (Teod., I, 55). Mais genericamente, Kant chama de razão preguiçosa “todo princípio que leve a considerar como absolutamente cumprida a investigação, de tal modo que a razão se tranquiliza, ao dar por cumprida sua tarefa” (Crítica da Razão Pura, Dialética, Apêndice à Dialética transcendental: do objetivo final, etc). É neste sentido mais geral que essa expressão costuma ser usada até nossos dias. [Abbagnano]