precisão

(in. Precision; fr. Précision; al. Präcisione; it. Precizioné).

Procedimento pelo qual se considera cada parte de um todo, sem considerar o todo e as outras partes, de tal maneira se chegue a determiná-la em seus caracteres próprios. Foi desse modo que a Lógica de Arnauld (I, 5) definiu a precisão, considerando, portanto, uma forma particular de abstração . O resultado desse procedimento obviamente é a caracterização exata das partes de um todo; portanto, na linguagem corrente, “precisão” tornou-se sinônimo de exatidão, e “preciso”, de exato. Peirce falou, no sentido próprio, de abstração precisiva. [Abbagnano]


Em geral a noção de precisão se contrapões à vaguidade. Um símbolo vago, uma expressão vaga ou uma proposição vaga são respectivamente um símbolo, uma expressão o uma proposição que não estão suficiente ou adequadamente “separados” de outros. Um símbolo, uma expressão ou uma proposição precisos são um símbolo, uma expressão ou uma proposição que estão suficiente ou adequadamente “separados” de outros. A precisão é por isto similar à distinção, enquanto algo “preciso” é algo “distinto” — se entende, distinto de outra coisa com a qual poderia confundir-se. O que é preciso somente estar claro, mas, segundo vimos neste último artigo, não se deve confundir com a noção de distinção — e, portanto, também de precisão — com a claridade. O claro se contrapõe ao obscuro; o preciso, ou distinto, se contrapõe ao confuso. Os escolásticos usaram, e usam, o termo “precisão” (praeciso) para designar uma forma de “separação” ou “distinção”; “precisar” significa, ultimamente, “cortar” e, por conseguinte, “separar”. A precisão pode ser física ou intencional. A precisão intencional é uma separação ou distinção não reais. Dizemos “não real” e todavia não “mental”, porque a precisão intencional pode ainda ser de dois tipos: precisão subjetiva e precisão objetiva (no sentido escolástico de “subjetivo” e “objetivo”). A precisão subjetiva é a que tem lugar quando se tem um conhecimento de um objeto em todos seus predicados, apreendendo-se de um só modo confuso (confuse) as diferenças. A precisão objetiva é a que tem lugar quando se tem conhecimento de um predicado de um objeto e não se tem conhecimento (ou se se quer, se “prescinde”) dos demais predicados. Os que rechaçam a possibilidade de uma precisão objetiva e admitem somente as precisões subjetivas são chamados confundentes.

A noção de precisão se acha relacionada com a de abstração, já que também a abstração se “prescinde” de certas notas de um objeto ou de um conceito. Toda abstração é pois, “precisiva” e o modo de precisão depende do tipo considerado de abstração. [Ferrater]