Os pré-socráticos constituem a primeira grande fase da filosofia grega. Entre eles devem contar-se, em primeiro lugar, os filósofos naturalistas jônicos: Tales de Mileto (585 ? a. C), Anaximandro e Anaxímenes, os quais se propõem a questão da matéria primordial do universo (água, o ilimitado, ar), sem que todavia distingam essencialmente entre o animado e o inanimado (donde, hilozoísmo). O lendário Pitágoras (572 ? a. C.) é o fundador de uma associação ascético-política de homens que crêem na metempsicose. Segundo Pitágoras, o fundamento do universo é o número, considerado como expressão de uma interna harmonia do ser. O primeiro metafísico é Heráclito “o obscuro”, de Éfeso (500 ? a. C), segundo qual o ente se encontra em perpétuo devir, não podendo por isso mesmo ser apreendido por meio de conceitos unívocos, rígidos. Por sobre a mudança só existe a lei do universo. Em oposição a este modo de pensar, Xenófanes, natural de Cólofon, mas que viveu grande parte da existência na Eleia, na Sicília (escola eleatenseou eleática:Parmênides, Zenão), só admite um único ente verdadeiro como razão do universo e realidade absoluta. O ente é uno, imutável, objeto somente do pensamento e uma só coisa com este; donde se infere -que o mundo sensível é pura aparência. Destas alturas metafísicas, os chamados novos filósofos naturalistas (Empédocles, Anaxágoras, Leucipo e Demócrito) baixam de novo ao mundo dos sentidos. O mundo consta de poucas (quatro) matérias primordiais ou de infinito número de elementos, em parte heterogêneos, postos em movimento pelo noûs (mente) (Anaxágoras); ou então, segundo um atomismo
mecanicista-materialista, de sabor moderno, consta de pequeníssimas partículas que se juntam ou separam ao acaso (Demócrito). Quase todos estes filósofos adotam posição crítica oposta às representações antropomórficas dos deuses da religião popular. Em ética, proclamam, como fim da vida, a eu-demonia (felicidade), que consiste em evitar conscientemente todo e qualquer excesso. Aristóteles elaborou sua concepção metafísica da matéria e da forma como princípios constitutivos do ser corpóreo, segundo um método histórico-crítico dialogando com Heráclito e com a escola eleática (Tudo é só movimento — Não há movimento real). — Schuster. (Brugger)