prático

(gr. praktikos; lat. practicus; in. Practical; fr. Pratique; al. Praktisch; it. Pratico).

Em geral, o que é ação ou diz respeito à ação. Há três significados: 1) o que dirige a ação; 2) o que pode traduzir-se em ação; 3) o que é racional na ação.

1) O primeiro é o significado filosófico tradicional. Platão já distinguia a ciência prática (p. ex., construção civil), que é “inerente por natureza às ações”, da ciência cognitiva (como a aritmética), que não se relaciona com a ação (Pol., 258 d-e). Aristóteles dizia que “nas ciências prático a origem do movimento está em alguma decisão de quem age porque ‘prático’ e ‘escolha’ são a mesma coisa” (Met., VI, 1, 1025 b 22). Para Aristóteles, as ciências prático eram a política, a economia, a retórica e a ciência militar; a ética é parte fundamental da política (Et. Nic, I, 2, 1094 b). Este significado continuou uniforme na tradição filosófica. prático ex., quando Tomás de Aquino diz que teologia é, em parte, ciência prática (_S. Th., I, q. 1, a. 4) e quando Duns Scot afirma que ela é totalmente ciência prático (Op. Ox., Prol., q. 4, n. 31), estão fazendo referência ao significado tradicional: prático é o que dirige a ação. De modo semelhante, Wolff definia a filosofia prático como a ciência que “dirige as ações livres mediante regras generalíssimas” (Philos. practica, § 3), e, como Aristóteles, dividia-a em Ética, Economia e Política. Este significado prevalece no uso filosófico do termo.

2) No segundo significado, que pertence à linguagem comum mais que à filosófica, prático é tudo aquilo que é fácil ou imediatamente traduzível em ação, no sentido, p. ex., de produzir sucesso ou proporcionar vantagem. Neste sentido, uma ideia é chamada de “prático” porque pode ser concretizada e levar ao sucesso. Homem prático é o que tem ideias prático, que são realizáveis com facilidade ou com probabilidades de vantagem ou sucesso. Este significado geralmente não tem lugar na linguagem filosófica.

3) O terceiro significado é o mais restrito e foi empregado por Kant. Este entende por prático: “Tudo o que é possível por meio da liberdade”. Mas a liberdade nada tem a ver com o arbítrio animal; assim, o que é independente de estímulos sensíveis, portanto pode ser determinado por motivos representados apenas pela razão, chama-se de livre arbítrio-, e tudo o que a ele se liga, como princípio ou como consequência, chama-se prático” (Crít. R. Pura, Doutrina do Método, cap. II, seç. I). Esse uso restrito do termo, característico de Kant, não teve seguidores. [Abbagnano]