O pragmatismo desenvolveu-se na Grã-Bretanha mercê da influência de James e da nova psicologia anti-associacionista professada tanto por James quanto por George Frederik Stout (1860-1944). O principal representante desta escola é Ferdinand Canning Scott Schiller (1864-1937), que recebeu influencia determinante do lógico Alfred Sidgwick (1850-1943), o qual insistia sem cessar na impossibilidade de uma lógica puramente formal. O pragmatismo inglês apareceu pela primeira vez em 1902, num livro intitulado Personal Idealism e publicado por oito jovens filósofos. Os colaboradores desta obra, Henry Sturt (1863-1946), o próprio Schiller e Hastings Rashdall (1858-1924) entre outros, não são todos pragmatistas, mas admitem todos o pluralismo, pelo que se opõem ao idealismo de Bradley e ao monismo de Spencer. Do mesmo modo que outras muitas publicações da época, Personal Idealism traduz antes a crise espiritual do século XIX do que uma nova corrente unitária.
Schiller já se havia apresentado em público, no ano de 1891, com Riddles of the Sphinx. A study of evolution written by a Troglodyte (Enigmas da esfinge. Estudo sobre a evolução, escrito por um troglodita), obra singular, na qual se declara a favor do pluralismo e do personalismo e desenvolve uma doutrina, segundo a qual Deus é um ser pessoal limitado. Esta obra pertence ao tempo em que Schiller não era pragmatista.
Só a partir de 1903 é que ele se declara partidário do pragmatismo integral, por ele denominado humanismo. Retoma a expressão de Protágoras: panton krematon metron anthropos (o homem é a medida de todas as coisas), defende os sofistas gregos contra o intelectualismo de Platão e reforça até a fórmula de Protágoras, declarando que o homem não é só a medida, como também o criador da realidade. Esta realidade, segundo Schiller, não é mais do que massa informe e plástica; converte-se em Tat-sache (coisa-ação), em fato, somente pela ação do homem. Pelo que, a questão: que é esta realidade? não tem sentido. Só a questão: que podemos fazer dela? deve ser feita sem cessar.
Sob a influência de Sidgwick, Schiller concentrou sua atenção principal na lógica. Segundo ele, a lógica não pode ser formal e abstrata: expellas hominem, lógica, tamen usque recurret (expulsa o homem, lógica; ele voltará sempre). A lógica é algo humano, deve servir ao homem, é um instrumento concreto de trabalho. O princípio de identidade é falso, como são falsas as demais leis lógicas, que passam por ser absolutas.
O mesmo se pode dizer da verdade. Não existe verdade absoluta, mas toda verdade é humana. Schiller não afirma precisamente que toda proposição útil é verdadeira, mas que uma proposição deve ser útil para ser verdadeira e que uma proposição verdadeira representa um valor. Portanto, a verdade não se encontra estabelecida de uma vez para sempre, senão que, pelo contrário, é dinâmica, está em constante devir. Schiller concebe a verdade de uma maneira inteiramente darwinista, reduzindo-a à corrente da vida; sua doutrina não é uma lógica, mas uma “biológica” do conhecimento.
Schiller não encontrou profundo eco nos círculos filosóficos ingleses; consideravam-no um admirável sofista, qualificativo, de que ele próprio se orgulhava. Após sua morte em 1937, nenhum discípulo continuou sua doutrina; contudo, suas obras numerosas e muito bem escritas exerceram considerável influência. Uma parte das ideias hoje difundidas procede da filosofia de Schiller. [Bochenski]