patrologia

Padres da Igreja

O estudo da doutrina dos autores da Antiguidade cristã recebe o nome particular de patrologia, que se pode definir como o estudo ou ciência dos padres da Igreja. Estende-se tanto aos escritores ortodoxos como heterodoxos, embora se ocupe com preferência dos que representam a doutrina eclesiástica tradicional, isto é, dos chamados padres e doutores da Igreja. A patrística inclui no Ocidente todos os autores cristãos até São Gregório Magno (604); no Oriente chega geralmente até São João Damasceno (749).

Embora a patrística — como ramo da ciência teológica — seja relativamente recente, podemos dizer que suas origens remontam aos primeiros séculos da Igreja. Foi Eusébio (265-340) quem primeiro se propôs “tratar daqueles que, seja de palavra ou por escrito, foram os mensageiros da Palavra de Deus em cada geração”. Seguiram-lhe no empenho homens como São Jerônimo e Santo Isidoro com suas respectivas obras De viris illustribus. No Oriente escreveram sobre o tema Fócio (séc. LX) e Suidas de Constantinopla (pelo ano 1000); o primeiro com sua Biblioteca ou Myriobiblon, e o segundo com seu Dicionário, monumento de erudição bizantina, que nos brindam importantes dados sobre grande número de obras patrísticas.

O humanismo teve especial interesse pela literatura cristã antiga. Fez grandes coleções e excelentes edições de textos patrísticos, ao longo dos séculos XVI-XVII. O século XIX distinguiu-se pelo descobrimento de novos textos, principalmente orientais, e pelo início de novas edições críticas em séries latina e grega e às quais se acrescentaram depois as coleções de literatura cristã oriental. Ao mesmo tempo apareceram as cátedras de patrologia nas universidades e centros de estudo eclesiásticos. Nosso século “preocupou-se, em especial, com a história das ideias, conceitos e termos da literatura cristã e da doutrina dos autores eclesiásticos. Além disso, os papiros do Egito, recentemente descobertos, permitiram aos sábios recuperar muitas obras patrísticas que se haviam perdido” (Quasten).

— Hoje se consideram “padres da Igreja” somente os que reúnem estas quatro condições necessárias: ortodoxia de doutrina, santidade de vida, aprovação eclesiástica e antiguidade. Todos os demais escritores são conhecidos com o nome de escritores da Igreja ou escritores eclesiásticos, tal como os chamara São Jerônimo.

O título de “doutor da Igreja” não se identifica com o de “padre da Igreja”. A alguns doutores da Igreja falta-lhes a nota de antiguidade. Têm, no entanto, além das três notas características — doutrina ortodoxa, santidade de vida e aprovação da Igreja — dois requisitos importantes: erudição eminente e expressa declaração da Igreja. Por declaração de Bonifácio VIII (1298), os santos Ambrósio, Jerônimo, Agostinho e Gregório Magno foram considerados “doutores egrégios da Igreja” e reconhecidos como “os grandes padres da Igreja”. A Igreja grega venera somente três grandes mestres ecumênicos: Basílio Magno, Gregório de Nazianzeno e Crisóstomo. A esses três a Igreja Romana acrescenta Atanásio, constando desta maneira quatro grandes padres do Oriente e quatro do Ocidente.

A autoridade dos padres na Igreja católica baseia-se na doutrina da Igreja, que considera a tradição como fonte de . A Igreja considera infalível o “unânime consenso dos padres” quando versa sobre a interpretação da Escritura.

— A literatura patrística está escrita em grego, latim, armênio, copta, siríaco.

BIBLIOGRAFIA: Além das duas grandes coleções de Migne, Patrologia Latina (PL) e Patrologia Graeca (PG), que constam de 221 e 161 volumes respectivamente, citamos as seguintes coleções: Los Santos Padres. Seleção de homilias e sermões, de E. Caminero, 5 vols. Madrid 18781879; “Biblioteca de Autores Cristianos” (BAC). A série patrística consta de numerosos textos em grego, latim e castelhano e amplas introduções, desde 1949. (Santidrián)


Padres da Igreja

O estudo da doutrina dos autores da Antiguidade cristã recebe o nome particular de patrologia, que se pode definir como o estudo ou ciência dos padres da Igreja. Estende-se tanto aos escritores ortodoxos como heterodoxos, embora se ocupe com preferência dos que representam a doutrina eclesiástica tradicional, isto é, dos chamados padres e doutores da Igreja. A patrística inclui no Ocidente todos os autores cristãos até São Gregório Magno (604); no Oriente chega geralmente até São João Damasceno (749).

Embora a patrística — como ramo da ciência teológica — seja relativamente recente, podemos dizer que suas origens remontam aos primeiros séculos da Igreja. Foi Eusébio (265-340) quem primeiro se propôs “tratar daqueles que, seja de palavra ou por escrito, foram os mensageiros da Palavra de Deus em cada geração”. Seguiram-lhe no empenho homens como São Jerônimo e Santo Isidoro com suas respectivas obras De viris illustribus. No Oriente escreveram sobre o tema Fócio (séc. LX) e Suidas de Constantinopla (pelo ano 1000); o primeiro com sua Biblioteca ou Myriobiblon, e o segundo com seu Dicionário, monumento de erudição bizantina, que nos brindam importantes dados sobre grande número de obras patrísticas.

O humanismo teve especial interesse pela literatura cristã antiga. Fez grandes coleções e excelentes edições de textos patrísticos, ao longo dos séculos XVI-XVII. O século XIX distinguiu-se pelo descobrimento de novos textos, principalmente orientais, e pelo início de novas edições críticas em séries latina e grega e às quais se acrescentaram depois as coleções de literatura cristã oriental. Ao mesmo tempo apareceram as cátedras de patrologia nas universidades e centros de estudo eclesiásticos. Nosso século “preocupou-se, em especial, com a história das ideias, conceitos e termos da literatura cristã e da doutrina dos autores eclesiásticos. Além disso, os papiros do Egito, recentemente descobertos, permitiram aos sábios recuperar muitas obras patrísticas que se haviam perdido” (Quasten).

— Hoje se consideram “padres da Igreja” somente os que reúnem estas quatro condições necessárias: ortodoxia de doutrina, santidade de vida, aprovação eclesiástica e antiguidade. Todos os demais escritores são conhecidos com o nome de escritores da Igreja ou escritores eclesiásticos, tal como os chamara São Jerônimo.

O título de “doutor da Igreja” não se identifica com o de “padre da Igreja”. A alguns doutores da Igreja falta-lhes a nota de antiguidade. Têm, no entanto, além das três notas características — doutrina ortodoxa, santidade de vida e aprovação da Igreja — dois requisitos importantes: erudição eminente e expressa declaração da Igreja. Por declaração de Bonifácio VIII (1298), os santos Ambrósio, Jerônimo, Agostinho e Gregório Magno foram considerados “doutores egrégios da Igreja” e reconhecidos como “os grandes padres da Igreja”. A Igreja grega venera somente três grandes mestres ecumênicos: Basílio Magno, Gregório de Nazianzeno e Crisóstomo. A esses três a Igreja Romana acrescenta Atanásio, constando desta maneira quatro grandes padres do Oriente e quatro do Ocidente.

A autoridade dos padres na Igreja católica baseia-se na doutrina da Igreja, que considera a tradição como fonte de fé. A Igreja considera infalível o “unânime consenso dos padres” quando versa sobre a interpretação da Escritura.

— A literatura patrística está escrita em grego, latim, armênio, copta, siríaco.

BIBLIOGRAFIA: Além das duas grandes coleções de Migne, Patrologia Latina (PL) e Patrologia Graeca (PG), que constam de 221 e 161 volumes respectivamente, citamos as seguintes coleções: Los Santos Padres. Seleção de homilias e sermões, de E. Caminero, 5 vols. Madrid 18781879; “Biblioteca de Autores Cristianos” (BAC). A série patrística consta de numerosos textos em grego, latim e castelhano e amplas introduções, desde 1949. (Santidrián)