origem

(lat. origo; in. Origin; fr. Origine, al. Ursprung; it. Origine).

O termo tem dois significados frequentemente confundidos: 1) começo, ato ou fase inicial; 2) fundamento ou princípio. A “volta às origens”, característica da Renascença , é uma noção que se baseia na confusão dos dois significados. Nessa mesma confusão baseou-se a importância dos chamados problemas de origem, discutidos nos sécs. XVIII e XIX: origem das ideias, da vida, da linguagem, das espécies vivas, etc, visto que nos problemas assim propostos origem não significava apenas nascimento no tempo, mas também princípio e fundamento do objeto cuja origem se procurava. O mesmo significado equívoco encontrava-se no antigo problema da origem do mal: se Deus existe, de onde vem o mal? E se não existe, de onde vem o bem? (cf. S. Agostinho, Conf., VII, 5). H. Cohen denominou “Juízo de origem” o juízo em que algo é dado, como o próprio pensamento pode achar, e não como material bruto: assim como o sinal x, em matemática, não significa indeterminação, mas determinabilidade (Logik, 1902, p. 83). (v. arche) [Abbagnano]


O «originado» pode considerar-se sincrônica ou diacronicamente: mas a «origem» do originado, só ucronicamente. A origem preside tanto ao início, quanto ao meio e ao término do originado que nos apareça via processionis. Quer dizer, a origem e o originado não podem situar-se no mesmo plano ou nível de realidade. Onde está a origem de uma linha traçada neste quadro? Traçada horizontalmente da esquerda para a direita, no primeiro ponto à esquerda? Ou no movimento do braço que a traçou? Não se confunda «início» (que pertence ao processo) com «origem» (que ou permanece fora dele ou é inerente a todo ele)! [Eudoro de Sousa. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 155]