Só podemos conceber e investigar o que se nos tornou objetivo. Como tal, a alma não é, de forma alguma, objeto. Torna-se objeto através daquilo em que ela se mostra perceptível no mundo: nos fenômenos somáticos concomitantes, nas expressões inteligíveis, no comportamento, nas ações. Mostra-se ainda nas comunicações pela linguagem, nas quais diz o que pensa e pretende, produz obras. Em todos esses fatos, que podem ser constatados no mundo, deparam-se-nos efeitos da alma. São fenômenos nos quais percebemos diretamente a alma ou a partir dos quais chegamos até ela. A alma não é para nós objeto. Experimentamos sem dúvida a alma em novas vivências conscientes e representamos as vivências alheias seja por manifestações objetivas ou seja pela comunicação de outros. Mas também essas vivências são fenômenos. Sem dúvida podemos tornar a alma objetiva através de imagens e comparações. De fato, porém, continuará sendo o horizonte (das Umgreifende), que não se torna objeto, mas a partir do qual todos os fatos particulares objetivados se nos apresentam. Esclareçamos ainda que a alma não é uma coisa e que já se falar de “alma” induz a erro de observação: 1.°, a alma significa a consciência mas também, e sob determinadas perspectivas, até essencialmente, é o inconsciente. 2.°, a alma não pode ser concebida como um objeto com propriedades mas como ser no seu mundo, como uma totalidade de mundo interior e mundo ambiente. 3.°, a alma é vir-a-ser, desenvolvimento, diferenciação, nada de definitivo e acabado. [PG]