ato de projetar para fora algumas de nossas sensações internas. — Por exemplo, se sou picado, ligo imediatamente a picada a uma causa externa; se estou com calor, mesmo se meu vizinho está com frio, digo: “Está calor”. A passagem da sensação (“Estou com calor”) para a afirmação objetiva (“Está calor”) é precisamente a da sensação subjetiva para a afirmação objetiva. Se a tendência a objetivar nossos estados é uma tendência natural, não é sempre legítima: ela só adquire legitimidade quando a objetivação tem um caráter universal, quando todo o mundo reconhece, por exemplo, que está calor; atinge-se então uma certa objetividade. Entretanto, como existem também ilusões coletivas (vislumbres, sensação de uma verdade histórica; da mesma maneira que uma multidão que ocorreu pode sentir calor mesmo se “faz” frio), a objetivação só pode possuir uma objetividade científica se está em acordo com as leis gerais da ciência (expressadas diretamente pelos instrumentos científicos — termômetros, mensura das leis econômicas que regem a história etc). Em suma, é necessário reconhecer à objetivação um valor subjetivo (1.° caso) ou valor geral (2.° caso: afirmação coletiva), ou, finalmente, um valor universal (3.° caso: objetividade científica). (V. objetivo.) [Larousse]
Se Kant, a meu ver, não importa se verdadeiro ou falso, mostrou que eu não podia conhecer senão objetos, é claro que isto se traduz em minha linguagem por dizer que o drama da objetivação só comporta um ator, o «homem humano», aquele que, não podendo subir em cima de seus próprios ombros, só pode ver o que sua vista avista ao nível dos olhos, quando tem seus pés fincados na terra. [EudoroMito:126]