mística

(do gr. mystika, de myô, eu calo).

(mística ou misticismo), doutrina ou crença baseada no sentimento e na intuição. — O misticismo acredita que só o sentimento pode elevar-nos à ideia do infinito, enquanto a razão nos encerra no mundo ilusório e artificial de nossas criações verbais. O misticismo não deve ser confundido com o “iluminismo” ou com qualquer formalidade arbitrária de intuicionismo: desde São João da Cruz (séc. XVI), os teólogos reconhecem que a mística verdadeira requer técnica extremamente precisa e preparação rigorosa, que a impedem de ser confundida com qualquer desordem do sentimento. Distingue-se uma “mística negativa”, que conduz ao aniquilamento do indivíduo na divindade, e uma “mística positiva”, que, ao contrário, leva-o à plena expansão de si mesmo na luz divina. Entre os místicos, destacam-se particularmente Mestre Eckhart (início do séc. XIV) e Jacob Böhme (fim do séc. XVI), pela profunda influência que exerceram sobre toda a cultura e filosofia alemã, inspirando principalmente a filosofia romântica da natureza (Novalis, Jacobi, Schelling). Santa Tereza de Ávila e São João da Cruz (séc. XVI) foram particularmente brilhantes. Em nossos dias, o misticismo cristão, exaltado por Bergson (que colocava esse bem acima dos misticismos antigo e hindu), teve notável eco na obra de Simone Weil, onde o sentimento da transcendência se penetra de luz e de racionalidade, onde o mistério esclarece o homem sobre si próprio, na realidade da vida concreta.
Além do que acima foi dito, e sobre o plano da ética e das relações humanas, o misticismo permanece o germe da intolerância e das guerras ideológicas. Opõe-se tanto ao “racionalismo” quanto ao “humanismo”, que afirma ser o fim último da vida o de realizar-nos ao nível de nossa humanidade (contribuindo para o melhoramento das condições de vida e para o progresso da cultura), e não o de perder-nos numa realidade superior (Deus). [Larousse]


a) Emprega-se no sentido em que se usa o termo misticismo.

b) Propriamente, como arte de penetrar no mysterion é uma técnica de feição religiosa, cuja característica consiste na capacidade de sentir esteticamente o simbolizado, alcançado através dos símbolos. A capacidade de interpretação simbólica revela o poder místico de uma pessoa. [MFSDIC]