Cf. Metafisica, V, 1, 8; X, l. 2. Transcendentalmente considerada, a unidade se define sempre formalmente por sua ausência de divisão. A unidade numérica, que não é senão um modo de unidade relativo ao predicamento quantidade, tem como ideia básica de ser indivisa. Entretanto, esta unidade numérica, comparada ao número que dela procede, possui uma propriedade notável: diz-se que ela é a medida do número, sendo a medida igualmente o que faz conhecer; conheço, com efeito, um certo número quando, tendo-o reportado à unidade, declaro que conta por exemplo 10 unidades: o número 10 somente é inteligível pela referência à unidade que o mede. Poderia, portanto, dizer que a unidade numérica é a medida do número, a indivisão permanecendo, por outro lado, sua razão constitutiva própria.
Essa propriedade de ser medida, que convém inicialmente à unidade numérica, se encontra proporcionalmente nos outros modos de unidade. De início, isto é manifesto para tudo o que implica quantidade contínua, comprimento, movimento, tempo. Para cada uma dessas coisas há uma medida, graças à qual tais coisas se tornam plenamente inteligíveis: tantos metros, tantos segundos. Mas se pode também, por analogia, falar de medida na ordem dos outros predicamentos. E reencontramos igualmente essa razão de medida no conhecimento, a ciência medindo de uma certa maneira a realidade que nos permite conhecer, e mais fundamentalmente, esta medindo, a título de objeto, as faculdades de conhecer. Vê-se que, derivada das relações entre o número e a unidade, esta noção de medida termina por tomar um lugar extremamente importante no pensamento. [Gardeil]