Maquiavel

MAQUIAVEL (Niccolo), estadista e escritor italiano, teórico da política (Florença 1469 — id. 1527). Nascendo numa família de pouca fortuna, Maquiavel tornou-se, com trinta anos, secretário da segunda chancelaria de Florença. Efetuou até 1512 numerosas missões diplomáticas junto à corte papal, onde dominava César Bórgia, junto à corte de França, onde reinava Luís XII, e junto à do imperador Maximiliano I. Essas missões lhe dão ocasião de observar os costumes das cortes e as práticas dos governantes, forjando ele assim, pouco a pouco, um pensamento político. Sua obra fundamental é O príncipe (1513), onde se diz que Maquiavel descreve César Bórgia, o modelo do dirigente lúcido, voluntarioso e sobretudo sem escrúpulo, realizando inexoravelmente seus desígnios, sejam quais forem os métodos que requeiram. A memória de Maquiavel sofreu cruelmente por uma confusão: identificaram-no com seu “execrável herói”, César Bórgia; acusaram-no mesmo de ter aconselhado a noite de São Bartolomeu a Catarina de Médicis — de onde a expressãomaquiavelismo”. Na verdade, longe de ser o “mordomo do diabo”, estava antes de tudo preocupado com a salvação de sua pátria, republicana ou não; a lei suprema era para ele a da “razão de Estado”, ainda que os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (1513-1519) tomem, nitidamente, posição em favor de um governo republicano e democrático. Maquiavel não propôs uma teoria geral da história nem glorificou a duplicidade dos governos. É antes de tudo um observador e um escritor, que descreveu muito aproximadamente os costumes políticos dos governantes de seu tempo. Deve-se-lhe também: Da maneira de tratar as populações revoltadas do vale de Chiana (1504), Imagens de coisas da Alemanha (1508), História de Florença (1521-1525) e uma série de Cartas e obras literárias. [Larousse]