MAISTRE (conde Joseph de), político, escritor e filósofo francês (Chambéry 1753 — Turim 1821). Estudou Direito em Turim e foi membro do Senado de Saboia (1774). Ministro da Sardenha em Petersburgo, liga-se aí com Alexandre I e escreve suas grandes obras, entre as quais Ensaio sobre o princípio gerador das constituições políticas (1808) e Exame da filosofia de Bacon (1826). Juntamente com Bonald, foi o mais apaixonado adversário da Revolução francesa e do séc. XVIII. Contrapõe o senso comum, a fé e a intuição da consciência intelectual à razão, cara aos filósofos e ideólogos. Sua filosofia da história, baseada na vontade divina, a Providência, aproxima-se da de Bossuet. Deve-se-lhe também uma preciosa e espiritual Correspondência, publicada de 1884 a 1886. [Larousse]
Na mesma linha de Edmund Burke, e sublinhando a tese de que as nações são essencialmente organismos históricos, se desenvolveram as considerações políticas de Joseph de Maistre. Assimilava as nações e as instituições sociais à imagem da planta; as nações crescem como as plantas; e por isso mesmo, a ideia de fabricar uma nação e um governo, com o desprezo das tradições históricas, é tão absurda como pretender fazer com que um homem nasça adulto. O homem — dizia de Maistre — pode sem dúvida plantar um pepino; pode cultivar uma árvore, aperfeiçoá-la pelo enxerto, podá-la de cem maneiras; mas nunca lhe passou pelo espírito que pudesse fazer uma árvore; como pôde imaginar que pudesse fazer uma constituição?. Assim, os direitos de cada povo não emanam de fabricações arbitrárias e sim da sua história. As nações são como as florestas, cujos milhões de ramos, raízes, fustes e lianas cresceram pelo trabalho imemorável do tempo. Uma constituição política só é tal quando obedece os imperativos históricos. Quando, dada a população, com os costumes, religião, a situação geográfica, as relações políticas, as riquezas, as boas e más qualidades nacionais, se encontram as leis que lhe convêm. Mas este problema não se resolve com princípios abstratos e sim com a realidade histórica. — Para de Maistre, como para a Escola Histórica alemã, as nações, como os indivíduos, têm o seu caráter, de onde deriva a sua missão. São autênticas unicamente quando, como a árvore, crescem na linha da semente primordial. [Barbuy]
De Maistre, Joseph (1753-1821)
Escritor francês “tradicionalista” e “ultramontano”. Junto com Chateaubriand e outros escritores da época, forma o grupo de escritores católicos reacionários às ideias da Revolução de 1789.
A obra principal de De Maistre é Du Pape, um escrito volumoso redigido já no final de seus dias (1819). Nela advoga por uma sociedade firmemente ancorada na autoridade e, portanto, contrária os princípios da revolução. Essa autoridade é dupla: a) a autoridade espiritual tal como aparece no papado de Roma, ao longo dos séculos; b) a autoridade temporal encarnada nos reis. A obra, portanto, defende um restabelecimento desta autoridade na Europa, enfraquecida pela revolução e pelas guerras napoleônicas.
Du Pape é uma obra ao mesmo tempo política e religiosa. Tem sua importância no marco histórico em que se produz. (Santidrián)