Para Peirce, existem três tipos de raciocínio (dedução, indução e abdução) e o sinal é de natureza triádica. Ora, em sua opinião também existem três diferentes categorias fundamentais, que ele chama de primidade (Firstness), secundidade (Secondness) e tercidade (Thirdness), embora às vezes também as chame de modos de ser (Modes of Being) ou também ideias (Ideas). Trata-se, segundo Peirce, de três conceitos tão amplos e indefinidos que, por isso, são difíceis de captar e podem ser facilmente desprezados, mas que, porém, são três conceitos "perpetuamente presentes em qualquer ponto da teoria da lógica".
O primeiro, o segundo e o terceiro constituem as características essenciais do fenômeno ou, como o chama Peirce, phaneron. E a investigação relativa a tais características é a faneroscopia, que, no pensamento de Peirce, se configura como "a mais primária das ciências positivas", como "método para examinar qualquer experiência com a intenção de extrair suas características mais gerais e mais absolutamente necessárias (...); é caminho para alcançar as categorias universais". E o caminho trilhado por Aristóteles, Kant e Hegel. Desde o início, Peirce estava convencido do caráter restritivo das categorias kantianas, razão por que concebeu as categorias não como estruturas estáticas, senão como modelos dinâmicos.
Então, o "primeiro é o conceito de ser ou existir independentemente de qualquer outra coisa". O primeiro é a pura presença do fenômeno. O primeiro é o universo em sua aurora. "O que foi o mundo para Adão no dia em que ele abriu os olhos para o mundo, antes que pudesse realizar distinções ou tornar-se consciente de sua própria existência — isso é o primeiro, presente, imediato, fresco, vital, original, espontâneo, livre, vívido, consciente e evanescente". Talvez somente a linguagem da música, a poesia ou determinada pintura podem nos permitir entrever a indizibilidade, a imediaticidade e o puramente qualitativo das coisas, como elas se apresentariam além das diversas redes conceituais através das quais nós entramos em intercâmbio com o mundo. O primeiro é o domínio do feeling, isto é, do sentir. Expressa as "ideias de frescor, de vitalidade, de espontaneidade e de liberdade", manifestando uma natureza "espontaneamente viva".
O segundo é o fato bruto. Existência quer dizer presença no universo de experiências. "E essa presença implica que cada existente esteja em relação de reação dinâmica com todas as outras coisas do universo. A existência, portanto, tem caráter diádico", no sentido de que a existência é aquele modo de ser que se exterioriza na oposição a outro. Assim, exemplifica Peirce, dizer que uma mesa existe quer dizer que ela é dura, opaca, pesada e ressonante, isto é, que produz efeitos imediatos sobre os sentidos e que também produz efeitos puramente físicos: atrai a terra (ou seja, é pesada); reage dinamicamente com as outras (isto é, tem força de inércia); resiste à pressão (ou seja, é elástica); tem capacidade definida de calor etc. "O fato luta para vir à existência (...). O fato ‘vem’. Tem o seu aqui e o seu agora. Deve levar sua vida em tal espaço. (...) Só se pode conceber um fato quando conquista a sua realidade em luta com as outras realidades". A existência, por conseguinte, é diádica. A secundidade é o conceito de relação com.
Enquanto o primeiro apresenta a presença possível de um fato e o segundo a presença efetiva bruta do fato, a tercidade diz respeito ao aspecto inteligível da realidade. O terceiro é o reino da lei, que "excede toda multidão" e não tem nada de rígido e de monolítico. A lei é "o hábito de contrair hábitos, que um universo em contínuo desenvolvimento vem adquirindo e manifestando sempre mais". [Reale]