terra

Erde

Como é, porém, que o pensar abriga a verdade do seer, se não na pesada lentidão do curso de seu passo questionador e de sua consequência vinculada? Inaparente como em um campo solitário sob o grande céu, com seu passo pesado, hesitante, que para a cada instante, o semeador abre os fulcros na TERRA e mede e configura ao jogar o braço o espaço velado de todo crescimento e amadurecimento. Quem ainda consegue levar a termo algo assim no pensamento como o que há de mais inicial de sua força e como o seu futuro supremo? GA65MAC: 5

Quem se disporia a negar que a filosofia é isto? E não se pode apresentar um testemunho que seja capaz de lançar por TERRA todas as opiniões contrárias: o grande início da filosofia ocidental? Esse início não é a filosofia “do” povo grego? E o grande fim da filosofia ocidental, o “Idealismo Alemão” e Nietzsche, não é a filosofia “do” povo alemão? GA65MAC: 15

Esse saber desdobra-se como o questionamento que se projeta ampla e antecipadamente para frente, o questionamento acerca do seer, cuja questionabilidade obriga todo criar à indigência, erige para todo ente um mundo e salva o que há de confiável da TERRA. GA65MAC: 26

Ela se submete – silenciando – à medida suave, suportando em si a pérfida grima, as duas – pertencendo-se mutuamente – encontram-se diversamente a partir da TERRA tanto quanto a partir do mundo. GA65MAC: 31

Todavia, o caminho desse repensar o seer não tem já a inscrição fixa em um mapa. A TERRA vem a ser pela primeira vez, sim, através do caminho e é em cada posição do caminho desconhecida e não tem como ser calculada. GA65MAC: 42

A TERRA, que atravessa o caminho e, enquanto caminho, o re-pensar do seer, é o entre, que se apropria em meio ao acontecimento do ser-aí para o deus, em cujo acontecimento da apropriação pela primeira vez o homem e o deus se tornam “cognoscíveis”, pertencentes à vigília e à urgência do seer. GA65MAC: 42

(As decisões) Sobre se o homem quer permanecer “sujeito” ou se ele funda o ser-aí – Sobre se com o sujeito o “animal” enquanto a “substância” e o “racional” enquanto a “cultura” devem permanecer duradouramente ou se a verdade do seer (ver abaixo) encontra no ser-aí um sítio deveniente – Sobre se o ente toma o ser como o seu “elemento maximamente genérico” e, com isso, o entrega à e soterra na ontologia ou se o seer em sua unicidade ganha voz e atravessa de maneira afinadora o ente enquanto algo singular. Sobre se a verdade como correção se degenera na certeza da re-presentação e na segurança do cálculo e da vivência ou se a essência inicialmente infundada da aletheia encontra um fundamento como a clareira do encobrir-se – Sobre se o ente enquanto o que há de mais óbvio solidifica tudo o que é médio, pequeno e mediano em meio à sua transformação em algo racional ou se o que há de mais questionável constitui a solidez integral do seer – Sobre se a arte é uma instituição vivencial ou se ela é o pôr em obra da verdade. Sobre se a história é degradada e transformada em arsenal das confirmações e das antecipações ou se ela desponta como a cordilheira das montanhas estranhas e inescaláveis – Sobre se a natureza é rebaixada a uma região de espoliação pelo cálculo e pelo erigir e se transforma, assim, em ocasião de “vivência” ou se ela suporta como a TERRA que se cerra o aberto do mundo sem imagem. Sobre se a desdeização do ente na cristianização da cultura festeja seus triunfos ou se a indigência da indecidibilidade sobre a proximidade e a distância dos deuses prepara um espaço de decisão – Sobre se o homem ousa o seer e, com isso, o ocaso ou se ele se satisfaz com o ente – Sobre se o homem em geral ainda ousa a decisão ou se ele se entrega a ausência de toda decisão, que sugere a época como estado da “mais elevada” “atividade”. Todas essas decisões, que são ao que parece muitas e diversas, se reúnem em uma e única: saber se o seer se retrai definitivamente ou se essa retração se torna enquanto recusa a primeira verdade e o outro início da história. GA65MAC: 44

Por meio do que é tomada a decisão? Por meio do presente ou da permanência de fora daqueles insignemente delineados, que nós denominamos “os que estão por vir”, em diferença em relação aos muitos que arbitrariamente virão depois e aos imparáveis, que não têm mais nada diante de si e mais nada atrás de si. Desses elementos delineados faz parte: 1. Aqueles poucos particulares, que fundam de antemão os sítios e os instantes para os âmbitos do ente naquelas vias essenciais do ser-aí fundante (poesia – pensamentoaçãosacrifício). Eles criam, assim, a possibilidade essenciante para os diversos abrigos da verdade, abrigos esses nos quais o ser-aí se torna histórico. 2. Aqueles inúmeros elos de ligação, para os quais está dado pressentir a partir da concepção do querer sapiente e das fundações do particular as leis da recriação do ente, da preservação da TERRA e do projeto do mundo em sua contenda e torná-las visíveis em meio à execução. 3. Aquelas muitas referências de um para o outro, de acordo com a sua proveniência histórica (terrena e mundana), por meio da qual e para a qual a recriação do ente e, com isso, a fundação da verdade do acontecimento apropriador conquista consistência. 4. Os particulares, os poucos, os muitos (não considerados como número, mas com vistas ao seu caráter assinalado) se encontram ainda em parte nas antigas ordens correntes e planejadas. Essas ordens só se mostram ainda como uma proteção de sua consistência ameaçada ao modo de um invólucro ou ainda como forças diretrizes de seu querer. A consonância desses particulares, desses poucos e muitos é velada, não produzida, crescendo repentinamente e por si. Impera sobre ela o reinado a cada vez diverso do acontecimento apropriador, no qual se prepara uma reunião originária, na qual e como a qual se toma histórico aquilo que pode ser denominado um povo. 5. Esse povo é em sua origem e em sua determinação unicamente de acordo com a unicidade do próprio seer, cuja verdade ele tem de fundar uma única vez junto a um único sítio em um único instante. Como é que essa decisão pode ser preparada? Será que o saber e a vontade têm aqui um espaço para dispor ou só se trata aqui de uma intervenção cega em necessidades veladas? GA65MAC: 45

No que o abandono do ser se anuncia: 1. A completa insensibilidade em relação ao múltiplo naquilo que é considerado essencial; plurissignificância provoca a perda de força e a má vontade em relação à decisão real e efetiva. Por exemplo, tudo o que significa a palavra “povo”: o elemento comunitário, o elemento racial, o baixo e o inferior, o nacional, o permanente; por exemplo, tudo aquilo que é chamado de “divino”. 2. O não saber mais o que é condição e o que é condicionado e incondicionado. Idolatria em relação às condições do seer histórico, do elemento populista, por exemplo, com toda a sua plurissignificância, transformando-o em algo incondicionado. 3. O permanecer preso no pensar e no estabelecimento de “valores” e “ideias”; sem qualquer questão séria, vê-se aí, como que em algo inalterável, a forma estrutural do ser-aí histórico; e a isso corresponde o pensar em termos de “visões de mundo”. 4. De acordo com isso, tudo é inserido em uma engrenagem “cultural”, as grandes decisões, o Cristianismo, não são expostos a partir da raiz, mas contornados. 5. A arte é submetida a uma utilidade cultural e desconhecida em sua essência; a cegueira em relação ao seu cerne essencial, o modo da fundação da verdade. 6. Em geral característico é o erro de avaliação em relação ao que é repulsivo e negador; ele é simplesmente alijado como o “mal”, equivocadamente interpretado e, com isso, apequenado e tanto mais propriamente ampliado em seu perigo. 7. Nisso se mostra – completamente à distância – o não saber em torno do pertencimento do não, da nulidade ao seer mesmo, a falta de qualquer ideia em face da finitude e da unicidade do seer. 8. Isso é acompanhado pelo não saber da essência da verdade; o fato de antes de tudo o que é verdadeiro a verdade e a sua fundação precisarem ser decididas; a busca cega pelo “verdadeiro” na aparência do querer maximamente sério (cf. Reflexões IV, 83). 9. Por isto, a recusa do saber autêntico e o medo diante da questão; o esquivar-se da meditação; a fuga em direção ao ceme dos dados e das maquinações. 10. Toda tranquilidade e toda retenção aparecem como inatividade, como um deixar passar e como renúncia e talvez sejam a mais ampla reconexão com o deixar ser do ser como acontecimento apropriador. 11. A segurança de si do que não se deixa mais conclamar; a calcificação contra todos os acenos; a impotência da expectativa; só ainda calcular. 12. Tudo isso são apenas irradiações de um encobrimento confuso e calcificado da essência do seer, sobretudo da abertura de seu fosso abissal: o fato de unicidade, raridade, instantaneidade, acaso e acometimento, retenção e liberdade, resguardo e necessidade pertencerem ao seer; o fato de esse seer não se mostrar como o que há de mais vazio e mais comum, mas como o que há de mais rico e mais elevado e só se essenciar no acontecimento da apropriação, acontecimento esse graças ao qual o ser-aí chega à fundação da verdade do ser no abrigo por meio do ente. 13. A elucidação particular do abandono do ser como decadência do Ocidente; a fuga dos deuses; a morte do Deus moral cristão; sua reinterpretação (cf. os acenos de Nietzsche). O velamento desse desenraizamento por meio do encontrar a si mesmo que se inicia de maneira supostamente nova do homem (Modernidade); esse encobrimento banhado no brilho do e intensificado pelo progresso: descobertas, invenções, indústria, máquina; ao mesmo tempo a massificação, a negligência, a desertificação, tudo como desatrelamento do fundamento e das ordens; o desenraizamento, porém, como o mais profundo velamento da indigência, a falta de força para a meditação, a impotência da verdade; o pro-gresso em direção ao não ente como abandono crescente do seer. 14. O abandono do ser é o fundamento mais íntimo para a indigência da falta de indigência. Como é que essa indigência pode ser efetuada como indigência? Alguém não precisa deixar a verdade do seer brilhar – mas para quê? Quem dos desprovidos de indigência consegue ver? Haverá algum dia uma saída para tal indigência, que se nega constantemente como indigência? Falta o querer sair. Será que a lembrança das possibilidades do passado essencial (o sido) do ser-aí pode conduzir à meditação? Ou será que algo in-habitual, não ideável se choca com essa indigência? 15. O abandono do ser, aproximado por meio de uma meditação sobre a desertificação do mundo e sobre a destruição da TERRA no sentido da rapidez, do cálculo, da pretensão do massificado (cf. A ressonância, 57. A história do seer e o abandono do ser). 16. O “domínio” coetâneo da impotência da mera mentalidade e da violência da instituição. GA65MAC: 56

22. Caso se chegue, como se precisa chegar, ao reconhecimento da essência predeterminada da ciência moderna, ao reconhecimento de seu caráter de funcionamento puro e necessariamente passível de ser colocado a nosso serviço e das instituições necessárias para isso, então no campo de visão desse reconhecimento é preciso esperar por um progresso gigantesco das ciências, sim, é preciso até mesmo contar com ele. Esses progressos trarão consigo a espoliação e a utilização da TERRA, a criação e o adestramento do homem para o interior de estados ainda hoje irrepresentáveis, cuja entrada em cena não pode ser impedida ou mesmo apenas retida por meio de nenhuma lembrança romântica de algo anterior e diverso. Esses progressos, porém, também serão cada vez mais raramente assinalados como algo espantoso e que nos chama a atenção, por exemplo, como realizações culturais, mas acontecem e são consumidos em série e, por assim dizer, como mistérios dos negócios, sendo imediatamente divulgados em seus resultados. É somente quando a ciência tiver alcançado essa discrição consonante com o funcionamento que lhe é característico em seu desdobramento, que ela se mostrará lá onde ela mesma se torna impulsionadora: ela se dissolve, então, concomitantemente em meio à dissolução de todo ente mesmo. Com vistas a esse fim, que será um estado final muito duradouro e que se assemelha sempre com um início, a ciência se encontra hoje no seu melhor começo. Só cegos e loucos falarão hoje do “fim” da ciência. GA65MAC: 76

As grandes filosofias são montanhas soberanas, não escaladas e não escaláveis. Mas elas conferem à TERRA o seu elemento supremo e apontam para a sua rocha primitiva. Elas se encontram como ponto de alinhamento e foijam a cada vez o campo de visão; elas suportam a visão e o encobrimento. Quando é que tais montanhas são aquilo que elas são? Certamente não, quando nós supostamente as escalamos e subimos nelas. Somente quando elas se encontram verdadeiramente aprumadas para nós e para a TERRA. Mas quão poucos são aqueles que conseguem isso, deixar emergir na quietude da cordilheira a mais viva preponderância e estar no campo de visão desse preponderar. A autêntica confrontação pensante precisa almejar apenas isso. GA65MAC: 93

Além disto, o compreender como projeto é um projeto jogado, o chegar ao aberto (verdade), que já se encontra em meio ao ente aberto, enraizado na TERRA, soerguendo-se em um mundo. Assim, o com-preender do ser como fundação de sua verdade é o contrário da “sub-jetivação”, uma vez que superação de toda subjetividade e dos modos de pensar que lhe são determinantes. GA65MAC: 138

O mundo é “terreno” (terroso), a TERRA é mundana. A TERRA é em um aspecto mais originária do que a natureza porque ligada à história. O mundo é mais elevado do que o apenas “criado”, porque formador de história e, assim, o mais imediatamente próximo do acontecimento apropriador. GA65MAC: 152

Cristalização e recaída da vida da abertura do começo. De acordo com isso, também nenhum fechamento, na medida em que o vivente não é levado consigo – “TERRA” (pedra, planta, animal). Pedra e corrente não sem planta, animal. Como se acha e como se toma a decisão em relação à “vida”? A meditação sobre o “biológico”. GA65MAC: 154

155. A natureza e a TERRA GA65MAC: 155

Por que se silencia a TERRA junto a essa destruição? Porque não lhe é concedida a contenda com um mundo, porque não lhe é concedida a verdade do seer. Por que não? Porque a coisa gigantesca homem é tanto mais gigantesca quanto menor ela é?! GA65MAC: 155

É preciso abandonar a natureza e entregá-la à maquinação? Conseguimos ainda buscar de maneira nova a TERRA? Quem é capaz de atiçar aquela contenda, na qual ela encontra seu aberto, na qual ela se cerra e é TERRA? GA65MAC: 155

O ser-aí, concebido como ser do homem, já se encontra na conceptualidade prévia. A questão relativa à sua verdade continua sendo como o homem, se tornando mais essente, se recoloca no ser-aí, fundando-o, assim, a fim de se expor, com isso, à verdade do seer. Mas esse colocar-se e sua constância se fundam no acontecimento da apropriação. Por isto, é preciso perguntar: Em que história o homem precisa se encontrar, para que ele se torne pertinente ao acontecimento da apropriação? Ele não precisa ser empurrado de antemão para o interior do aí, cujo acontecimento se torna manifesto para ele como jogado? O caráter de jogado só é experimentado a partir da verdade do seer. Na primeira indicação prévia (Ser e tempo), ele ainda permanece passível de uma interpretação falsa no sentido de uma ocorrência casual do homem sob o outro ente. Em direção a que poder, TERRA e corpo são desdobrados a partir daqui. O ser<ser do homem e a “vida”. Onde estaria o impulso para pensar em direção ao ser-aí senão na essência do próprio seer. GA65MAC: 194

O aí é o entre aberto, que encobre de maneira clareadora, em relação à TERRA e ao mundo, o meio de sua contenda, e, com isso, os sítios do mais íntimo pertencimento, e, assim, o fundamento do para-si, do si mesmo e da ipseidade. O si mesmo nunca é o “eu”. O junto a si do si mesmo se essencia como insistência da a-ssunção do acontecimento da apropriação. Ipseidade é pertencimento à intimidade da contenda como recombate do acontecimento da apropriação. GA65MAC: 198

Se é somente quando o encobrir-se impera sobre todas as regiões do gerado, do criado e do sacrificado, essenciando-os um no outro; se é somente quando ele determina a clareira e, assim, se essencia ao mesmo tempo indo ao encontro do que se cerra no interior da clareira, então é só nesse momento também que emerge mundo e, juntamente com ele, a partir da “coetaneidade” de seer e ente, vem à tona a TERRA. Agora, um instante é história. GA65MAC: 225

Abrigo da verdade como crescimento de volta para o cerramento da TERRA. Esse crescimento de volta nunca se realiza em meras re-presentações e sentimentos, mas sempre a cada vez na ocupação, na fabricação, nas obras, em suma, no deixar mundar um mundo, contanto que esse mundar não descambe para uma mera atividade funcional. GA65MAC: 245

A máquina, sua essência. O serviço, que ela exige, o desenraizamento que ela traz. “Indústria” (funcionamento); os trabalhadores de indústria, arrancados da TERRA natal e da história, transpostos para o ganho. GA65MAC: 247

Educação de máquinas; a maquinação e o negócio. Que transformação do homem se insere aqui? (Mundo – TERRA?) Maquinação e negócio. O grande número, o gigantesco, pura extensão, nivelamento e esvaziamento crescentes. A decadência necessária no kitsch e no inautêntico. GA65MAC: 247

Os que estão por vir do último deus recontestarão na contestação dessa contenda o acontecimento apropriador e, no mais amplo olhar retrospectivo, se lembrarão do que de maior foi criado como a unicidade preenchida e como a singularidade do ser. Ao lado daí, o elemento massificado liberará todas as intrigas de sua fúria e decantará tudo o que há de incerto e de parcial, tudo aquilo que se consola com o que se tinha até aqui. Será que, então, o tempo dos deuses se dissipará e a recaída na mera vida de seres pobres de mundo começará, seres esses para os quais a TERRA restará apenas como o explorável? GA65MAC: 252

No entanto, se um homem pode dominar as duas coisas, o suportar da ressonância do acontecimento apropriador como recusa e a execução da transição para a fundação da liberdade do ente enquanto tal, para a renovação do mundo a partir da salvação da TERRA, quem poderia decidir e saber sobre isso? E, assim, restam com certeza aqueles que se consomem em tal história e em sua fundação, sempre cindidos uns dos outros, o ápice das montanhas mais isoladas. GA65MAC: 256

Se denominarmos o seer o inabitual, então apreendemos o ente de todo e qualquer tipo e amplitude como o habitual; e isso mesmo então quando, no seu interior, algo até aqui desconhecido e novo emerge e o que se tinha até aqui cai por TERRA; com o tempo, nós sempre nos havemos também com ele e inserimos o ente no ente. O seer, porém, é aquele elemento in-habitual que não apenas nunca vem à tona no interior do ente, mas também se subtrai essencialmente a todo acordo com ele. GA65MAC: 269

O des-locamento consiste no acontecimento da apropriação do ser-aí; e isso de tal modo, com efeito, que no aí que se clareia (no a-bismo do que não possui apoio nem proteção) o acontecimento da apropriação se subtrai. Des-locamento e retração se ligam ao seer enquanto acontecimento apropriador. Neste caso, não acontece nada no interior do ente, o seer permanece inaparente, mas pode acontecer com o ente enquanto tal de ele, voltado para a clareira do in-habitual, lançar por TERRA seu caráter habitual e precisar se colocar em relação à de-cisão sobre como ele satisfaz ao seer. Isso não significa, porém, dizer como é que ele se ajustaria e corresponderia ao seer, mas como ele, o ente, resguarda e perde a verdade da essenciação do seer, chegando aí à sua própria essência, que consiste em tal resguardo. As formas fundamentais desse resguardo, contudo, são a abertura de uma totalidade do mundo (mundo) e o fechar-se diante de todo projeto (TERRA). Essas formas fundamentais só deixam emergir o resguardo e são elas mesmas na contenda, que se essencia a partir da intimidade do acontecimento da apropriação do acontecimento apropriador. Sempre a cada vez em cada um dos lados dessa contenda se encontra aquilo que nós conhecemos metafisicamente como o sensível e o não sensível. GA65MAC: 269

O entre implosivo reúne aquilo que ele volta para o aberto de seu pertencimento contestável e marcado pela recusa, em direção ao a-bismo, a partir do qual tudo (o deus, o homem, o mundo, a TERRA) se essencia de volta em si e, assim, deixa ao seer a única decidibilidade do acontecimento da apropriação. O seer de tal essenciação é ele mesmo nessa essência único. Pois ele se essencia como aquele choque, que talvez já tenha se anunciado como a mais extrema possibilidade de decisão da história ocidental, a possibilidade de que o seer mesmo venha a emergir de tal essência como a urgência do deus, que precisa da guarda do homem. Essa possibilidade é ela mesma a origem “do” seer. E o que aparece aqui comprovado com o nome do que há de mais universal e supra-histórico, segundo a opinião até aqui sobre o seer, é por completo e antes de tudo o histórico e pura e simplesmente único. GA65MAC: 270

Caso a denominação do intuível conseguisse prestar aqui algum auxílio, seria preciso dizer do fogo que seu próprio forno se queima em um primeiro momento na dureza reunida de um sítio de sua chama, cuja labareda crescente se consome na claridade de sua luz e deixa arder aí o escuro de sua brasa, a fim de proteger como um fogareiro o meio do entre, que se torna para os deuses a morada indesejada, mas de qualquer modo necessária, assim como se torna para o homem o espaço livre da conservação daquilo que, de maneira terrena-mundana, preservando o verdadeiro, surge e perece nessa liberdade enquanto o ente. Somente se aquilo que o homem enquanto homem histórico denomina subsequentemente como ente se quebra junto ao seer, seer esse que é a urgência do deus, é que todo ente é retrojetado para o peso da essência que lhe cabe e, assim, chega a algo nomeável da linguagem e pertencente ao silenciamento, no qual o seer se subtrai a todo cálculo sob o ente e, não obstante, dissipa sua essência na fundação abissal da intimidade de deuses e mundo, de TERRA e homem. GA65MAC: 270

Mas e se nós buscássemos a salvação em meio a um caminho de volta à intuição goethiana da natureza e, então, transformássemos mesmo a “TERRA” e a “vida” em teoria? GA65MAC: 275

1. A linguagem como enunciado e como dito. 2. O dizer do seer. 3. O seer e a origem da linguagem. A linguagem é a ressonância que pertence ao acontecimento apropriador, ressonância essa na qual ele se doa como contestação da contenda em meio a essa contenda mesma (TERRA – mundo) (a consequência: o desgaste e o mero uso da linguagem). 4. A linguagem e o homem. Será que a linguagem é dada com o homem ou será que é com o homem que a linguagem é dada? Ou será que uma coisa não se torna e não é por meio da outra de modo algum duas coisas diversas? E por quê? Porque os dois pertencem de maneira cooriginária ao seer. Por que o homem pertence “essencialmente” à determinação da essência da linguagem – o homem como? Guardião da verdade do seer. 5. O animal rationale e a falsa interpretação da linguagem. 6. Linguagem e lógica. 7. A linguagem, a entidade e o ente. GA65MAC: 276

Se, então, porém, com a superação da metafísica, a antropologia também cai por TERRA, se a essência do homehomem é determinada a partir do seer, então aquela explicação antropológica da linguagem não pode mais permanecer normativa; ela perde aí seu fundamento. Não obstante, agora permanece até mesmo em pleno poder aquilo que foi captado como corpo, como alma, como espírito da linguagem junto a essa explicação. O que é isso? Pensando de maneira correspondente à história do ser, não podemos proceder agora simplesmente de um modo tal, que interpretemos a essência da linguagem a partir da determinação do homem em termos da história do ser? Não; pois sempre permanecemos com isso ainda presos na ideia de símbolo; antes de tudo, no entanto, não se estaria levando a sério assim a tarefa de ver a partir da essenciação do próprio seer a origem da linguagem. GA65MAC: 276

Quando os deuses clamam pela TERRA e no clamor dos deuses ressoa um mundo, e quando, assim, o clamor ecoa como ser-aí do homem, então a linguagem se mostra como palavra histórica, como palavra formadora de história. GA65MAC: 281

Linguagem e acontecimento apropriador. Esclarecimento da TERRA, ressonância do mundo. Contenda, o abrigo originário da abertura de um fosso abissal, porque o rasgo mais íntimo. A posição aberta. GA65MAC: 281


COSMOLOGIA — ELEMENTOS — TERRA

VIDE: Cinco Elementos, Planeta Terra


René Guénon: A TEORIA HINDU DOS CINCO ELEMENTOS
En fin, el quinto y último elemento es prithvî o la tierra, que no poseyendo ya la fluidez como el agua, corresponde a la modalidad corpórea más condensada entre todas; es también en este elemento que encontramos en su más alto grado la gravedad, que se manifiesta en el descenso o la caída de los cuerpos. La cualidad sensible que es propia a la tierra es el olor; ello es por lo que esta cualidad es mirada como residiendo en las partículas sólidas que, desgajándose de los cuerpos, entran en contacto con el órgano del olfato. Sobre este punto todavía, parece que no haya desacuerdo con las teorías sicológicas actuales; pero por lo demás, inclusive si hubiera un desacuerdo cualesquiera, eso importaría poco en el fondo, ya que el error debería encontrarse entonces en todo caso del lado de la ciencia profana, y no en punto ninguno del lado de la doctrina tradicional.

ESFERA-CUBO
Por lo demás, el cubo representa la tierra en todas las acepciones tradicionales de esta palabra, es decir, no solo la tierra en tanto que elemento corporal así como lo hemos dicho hace un momento, sino también un principio de orden mucho más universal, el que la tradición extremo oriental designa como la Tierra (Ti) en correlación con el Cielo (Tien): las formas esféricas o circulares son referidas al Cielo, y las formas cúbicas o cuadradas a la Tierra; como estos dos términos complementarios son equivalentes de Purusha y de Prakriti en la doctrina hindú, es decir, como no son más que otra expresión de la esencia y de la substancia entendidas en el sentido universal, se llega también aquí exactamente a la misma conclusión que precedentemente; y es evidente que, como las nociones mismas de esencia y de substancia, el mismo simbolismo es siempre susceptible de aplicarse a niveles diferentes, es decir, tanto a los principios de un estado particular de existencia como a los del conjunto de la manifestación universal. Al mismo tiempo que esas formas geométricas, también se refieren al Cielo y a la Tierra los instrumentos que sirven para trazarlas respectivamente, es decir, el compás y la escuadra, tanto en el simbolismo de la tradición extremo oriental como en el de las tradiciones iniciáticas occidentales [[En algunas figuraciones simbólicas, el compás y la escuadra están colocados respectivamente en las manos de Fo-hi y de su hermana Niu-koua, del mismo modo que, en las figuras alquímicas de Basile Valentin, están colocados en las manos de las dos mitades masculina y femenina del Rebis o Andrógino hermético; se ve por eso que Fo-hi y Niu-koua son en cierto modo asimilados analógicamente, en sus papeles respectivos, al principio esencial o masculino y al principio substancial o femenino de la manifestación.]]; y las correspondencias de estas formas dan lugar naturalmente, en diversas circunstancias, a múltiples aplicaciones simbólicas y rituales [[Es así, por ejemplo, como las vestiduras rituales de los antiguos soberanos, en China, debían ser de forma redonda por arriba y cuadrada por abajo, el soberano representaba entonces el tipo mismo del Hombre (Jen) en su función cósmica, es decir, el tercer término de la «Gran Triada», que ejerce la función de intermediario entre el Cielo y la Tierra y que une en él las potencias del uno y de la otra.]].