Suarez

Suarez, Fr. (SZ)

Dès le début (§ 1), il a été montré que la question du sens de l’être non seulement n’est pas réglée, non seulement n’est pas posée de façon satisfaisante, mais encore que, malgré tout l’intérêt porté à la « métaphysique », elle est tombée dans l’oubli. L’ontologie grecque et son histoire qui, à travers diverses filiations et déviations, détermine aujourd’hui encore la (22) conceptualité de la philosophie, est la preuve que le Dasein comprend lui-même et l’être en général à partir du « monde », et que l’ontologie ainsi née bute sur la tradition qui la fait sombrer dans l’évidence et la ravale au rang d’un matériau qui n’attendrait plus que d’être retravaillé (ainsi en va-t-il pour Hegel). Cette ontologie grecque déracinée devient au Moyen Âge un capital doctrinal fixe. Mais cette systématique est tout autre chose que l’assemblage de fragments transmis en un édifice : même à l’intérieur des limites d’une reprise dogmatique des conceptions fondamentales des Grecs sur l’être, une telle systématisation n’en inclut pas moins bien des acquisitions encore incomprises. Sous cette empreinte scolastique, c’est encore pour l’essentiel l’ontologie grecque qui, via les Disputationes metaphysicae de Suarez, passe dans la « métaphysique » et la philosophie transcendantale des temps modernes et détermine les fondations et les buts de la Logique de Hegel. Mais comme au cours de cette histoire, ce sont des régions d’être déterminées et privilégiées qui sont prises en vue, et même qui guident primairement la problématique (l’ego cogito de Descartes, le Moi, la raison, l’esprit, la personne), ces régions, conformément à l’omission complète de la question de l’être, demeurent non questionnées quant à l’être et à la structure de leur être. Bien plutôt le fonds catégorial de l’ontologie traditionnelle, au prix des formalisations correspondantes et de restrictions purement négatives, est-il transposé à cet étant, à moins que la dialectique ne soit appelée à l’aide en vue d’une interprétation ontologique de la substantialité du sujet. (EtreTemps6)


Suarez, Francisco (1548-1617)

Nasceu em Granada e morreu em Lisboa. Conhecido como “Doctor eximius”, ingressou na Companhia de Jesus em 1564. Professor de teologia e filosofia em Segóvia, Avila, Valladolid, Roma, Alcala, Salamanca; por último, desde 1597, em Coimbra.

Sua extensa obra filosófico-teológica, 26 volumes infolio, compreende dois blocos: a) O bloco de obras teológicas. Quase todas elas desenvolvem a Summa Teológica de Santo Tomás. Mas a obra de Suarez não é comentário. São tratados autônomos e independentes, que estudam de forma sistemática todos os problemas da teologia. São eles: De divina substantia, em que se encontra toda a teologia natural; De angelis estuda o problema do conhecimento intelectual; De gratia analisa as relações entre a liberdade divina e a liberdade criada; De ultimo fine e De voluntario expõem os princípios e as normas fundamentais da ética natural, b) A obra filosófica está contida nos dois grandes volumes de suas Disputationes metaphysicae. Nas 54 Disputaciones metafísicas, Suarez estuda com clareza e rigor o problema do ser independentemente das questões teológicas, embora sem perder de vista que sua metafísica ordena-se à teologia, à qual serve de fundamentação prévia. “Suarez é, desde Aristóteles, escreve Zubiri, o primeiro ensaísta a fazer da metafísica um corpo de doutrina filosófica independente. Com Suarez, eleva-se ao nível de disciplina autônoma e sistemática.”

— A metafísica de Suarez aborda, com muita agudeza, os pontos capitais da filosofia escolástica. Embora se mantenha fiel ao tomismo, não rechaça os desvios quando lhe parecem necessários. Algumas vezes recolhe antecedentes da filosofia pré-tomista; em outras, ao contrário, está mais próxima de Duns Scot e dos nominais; algumas expõem soluções originais e próprias como, por exemplo, na questão da distinção real entre a essência e a existência, em que se afasta dos tomistas. Na questão dos universais, não admite que a matéria signata quantitate seja o princípio individualizante. O decisivo do indivíduo é sua incomunicabilidade. Para a demonstração da existência de Deus, somente concede valor apodítico aos argumentos metafísicos. Afirma ainda a impossibilidade de ver e conhecer naturalmente a Deus, a não ser de forma indireta, refletido nas criaturas.

— Verdadeiramente notável e original é sua doutrina política exposta em seu tratado De legibus (1612). A tese fundamental dessa obra apoia-se em que, enquanto o poder eclesiástico procede imediatamente de Deus, o poder temporal procede somente do povo. De fato, todos os homens nascem livres, e o corpo político resulta da livre reunião dos indivíduos que, explícita ou tacitamente, reconhecem o dever de ocupar-se do bem comum. Em consequência: a) nega a teoria do direito divino dos reis, usada pelos protestantes, segundo a qual o rei teria seu poder imediatamente de Deus; b) afirma que a soberania reside somente no povo, que é superior ao rei, em quem se confia e de quem pode ser tirada quando não a empregar politicamente, isto é, no interesse comum, e sim com tirania.

— Suarez pertence à chamada “escolástica tardia do século XVI”, que teve em Salamanca, Alcalá e Coimbra seus centros intelectuais de interesse. Quase todos esses escolásticos tinham uma formação adquirida em Paris e em Roma. Reafirmaram a tradição escolástica frente à crítica dos renascentistas; tornaram ao tomismo e às grandes obras sistemáticas da Idade Média, não para repeti-las, e sim para comentá-las e esclarecê-las. Abordaram-se também uma série de problemas sociais e políticos que o Renascimento atualizou, como por exemplo o direito internacional, a condição dos índios da América etc.

A obra de Suarez insere-se nesse ambiente da Contra-Reforma e da escolástica renascentista. “Durante os séculos XVII e XVIII, as Disputationes de Suarez — observa J. Marias — serviram de texto em inúmeras universidades europeias, inclusive protestantes; Descartes, Leibniz, Grócio, os idealistas alemães a conheceram e utilizaram. Pode-se dizer que a Europa, durante dois séculos, aprendeu metafísica com Suarez, embora tenha sido mais utilizada para fazer outra diferente do que para continuá-la segundo sua inspiração. Através de Suarez penetrou na filosofia moderna o mais fecundo do caudal da escolástica, que ficou assim incorporado a uma nova metafísica, feita sob outro ponto de vista e com método diferente” (Historia de la filosofia, 5a ed., p. 200).

BIBLIOGRAFIA: Obras: Misterios de la vida de Cristo 03AC), 2 vols.; Disputaciones metafísicas. Edição bilíngue, Gredos, 7 vols.; Tratado de las Leyes y del Dios legislador, 1918-1921, 11 vols. Edição crítica bilíngue por Luciano Perefia, 1972-1975, 5 vols.; R. de Scorraille, El Padre Francisco Suarez, 1917, 2 vols. (Santidrián)