Após a citação de Platão e uma breve exposição sobre ela, SZ começa com uma longa introdução, intitulada “Exposição da questão sobre o sentido do ser”. No primeiro capítulo dessa introdução, “Necessidade, estrutura e primado da questão do ser”, ele explica por que é importante levantar esta questão há muito esquecida e por que é ela anterior a outras questões, as questões sobre o conhecimento e questões das ciências. Também explica que a questão do ser deve ser abordada por meio de uma análise de Dasein, (o) ser humano (Mensch): é Dasein que coloca a questão sobre o ser (Seinsfrage) (SZ, 7). O segundo capítulo é “As duas tarefas de uma elaboração da questão do ser. O método e o sumário da investigação”. A primeira dessas tarefas, planejada para ocupar a primeira parte de SZ, era “a interpretação de Dasein pela temporalidade (Zeitlichkeit) e a explicação do tempo (Zeit) como horizonte transcendental da questão do ser”. Esta primeira parte deveria conter três divisões: “ 1. A análise preparatória dos fundamentos de Dasein; 2. Dasein e temporalidade; 3. Tempo e ser” (SZ, 39). Apenas a primeira e a segunda divisões desta parte foram publicadas. A primeira divisão dá uma explicação de Dasein que não faz referência ao tempo e à temporalidade. Ela abarca temas tais como o mundo (Welt) e ser-no-mundo (In-der-Welt-sein), espaço (Räum) e espacialidade (Räumlichkeit), ser com outros (Miteinandersein), o impessoal (das Man), inautenticidade (Uneigentlichkeit) e decadência (Verfallen), humores (Stimmung), verdade (Wahrheit) e cuidado (Sorge, cura). A segunda divisão introduz a temporalidade e é em grande parte uma “repetição” da primeira divisão em termos temporais (SZ, 17). Ela começa com um famoso primeiro capítulo sobre a morte (Tod), e então passa para a consciência (Gewissen), débito (Schuld) e decisão (Entschlossenheit). Ela então “repete” as primeiras explicações do cuidado (cura) e da cotidianidade (Alltäglichkeit), trazendo à tona a sua significação temporal. A história, ou melhor, a “historicidade” (Geshehen), é o próximo tema de Heidegger, com uma coda na recém-publicada correspondência com Dilthey e com o conde Paul Yorck de Wartenburg. O capítulo final retorna para a temporalidade. A penúltima seção ataca a concepção hegeliana do tempo, e a breve seção de conclusão introduz a faltante terceira divisão, planejada para explorar o ser em relação ao tempo, independentemente da natureza de Dasein. (DH:168-169)
Sein und Zeit
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