retração

Entzug

Ainda não pensamos porque o que cabe realmente pensar se des-via do homem e não porque o homem não se en-via, de maneira suficiente, a isto que cabe pensar. O que cabe pensar (zu-Denkende) desvia-se (wendet sich) do homem. O que cabe pensar retrai-se (entziehen) para o homem à medida que dele se retira (vorenthält). O que se retira, porém, sempre já se nos mostrou. O que se retrai no modo de um retirar-se não desaparece. Como então saber o mínimo que seja a respeito disso que assim se retrai? Como sequer nomeá-lo? O que se retrai recusa o encontro (Ankunft). Retrair-se não é, porém, um nada (das Sichentziehen ist nicht nichts). Retração é aqui retirada (Vorenthalt) e enquanto tal – acontecimento (Ereignis). O que se retrai pode concernir ao homem de maneira mais essencial e reivindicá-lo de modo mais próprio do que algo que aí está e o atinge e o afeta. De bom grado, costuma-se tomar o que nos afeta através do real como o que constitui a realidade do real (Wirklichkeit des Wirklichen). Mas o ser-afetado (Betroffenheit) através do real pode justamente bloquear o homem em relação a isso que lhe concerne – que lhe concerne certamente de uma maneira enigmática, segundo a qual o concernir dele se desvia à medida que se retrai. Por isso, a retração, o retrair-se do que cabe pensar (das Sichentziehen des zu-Denkenden) poderia agora, como acontecimento, ser mais presente do que tudo quanto é mais atual.

O que de nós se retraí à maneira mencionada, afasta-se para longe de nós. Mas precisamente isso nos leva junto e, à sua maneira, nos atrai. O que se retrai parece estar absolutamente ausente. Mas essa aparência (Schein) engana. O que se retrai se faz vigente – a saber, através do fato de nos atrair, quer percebamos agora, depois ou mesmo nunca. O que nos atrai já concedeu encontro. Tomados pela atração da retração (Ziehen des Entzugs), já estamos no impulso para isso que nos atrai, à medida que se retrai.

Mas se somos aqueles assim atraídos no impulso para… (Zuge zu) isso que nos atrai (Ziehenden) – então nosso modo próprio de ser já está cunhado por esse “impulso para…”. Como aqueles que assim são cunhados, acenamos para o próprio retrair-se. De modo geral, somos apenas nós mesmos e apenas somos estes que somos à medida que acenamos para o que se retrai. Esse acenar é nosso modo próprio de ser (Dieses Weisen ist unser Wesen). Somos à medida que sinalizamos para o que se retrai. Enquanto o que assim sinaliza, o homem é o sinalizador (Zeigende). Na verdade, o homem não é primeiramente homem e então por acréscimo e talvez ocasionalmente ainda um sinalizador, mas o homem antes de tudo e (117) antes de mais nada é homem atraído no retrair-se, no elã para este e com isso sinalizador da retração. Seu modo próprio de ser constitui-se nisso, a saber, em ser um tal sinalizador.

Chamamos de sinal àquilo que, segundo sua constituição mais própria (eigensten Verfassung), é algo que sinaliza. Retraído no impulso para o retrair-se, o homem é um sinal (Auf dem Zug in das Sichentziehende gezogen, ist der Mensch ein Zeichen.).

Mas porque este sinal sinaliza para o que se retrai, o sinalizar não pode esclarecer imediatamente o sentido do que aí se retrai. Assim, o sinal permanece sem sentido. (GA7:134-135; tr. Fogel)