montanha

No que concerne à relação entre pergunta e resposta, contudo, temos uma conjuntura própria no âmbito da filosofia. Para falar de maneira imagética, o importante é escalar uma montanha. A escalada não acontece na medida em que nos colocamos no plano da opinião usual e fazemos um discurso sobre essa montanha para, dessa maneira, “vivenciá-la”. Ao contrário, a subida e a proximidade do cume só ocorrem uma vez que comecemos imediatamente a subir. Com isso, em verdade, perdemos o cume de vista, mas vamos nos aproximando cada vez mais dele à medida que subimos; algo de que também faz parte o resvalar e o escorregar para trás – na filosofia até mesmo a queda. Só quem verdadeiramente sobe pode cair. O que aconteceria se aqueles que caem pretendessem experimentar o cume, a montanha e seu soerguimento de maneira mais profunda e única do que aqueles que aparentemente chegam ao cume? Por meio disso, o cume não perde para eles a sua altura, transformando-se em um plano e em um hábito? Não se pode julgar e mensurar nem a filosofia nem a arte nem absolutamente nenhuma confrontação criativa com o ente com o auxílio do saudável entendimento humano ou do “instinto” supostamente saudável, mas já há muito tempo deformado e desencaminhado, assim como não se pode julgá-las nem mensurá-las com a argúcia vazia do assim chamado “elemento intelectual”. Tudo, tanto quanto o particular, só é passível de ser experimentado, aqui, na realização, no esforço da subida. (GA45)


Quanto à assimilação dos templos às Montanhas cósmicas e à sua função de “ligação” entre a Terra e o Céu, testemunham no os próprios nomes das torres e dos santuários babilônios: chamam-se “Monte da Casa”, “Casa do Monte de todas as Terras”, “Monte das Tempestades”, “Ligação entre o Céu e a Terra” etc. A ziqqurat era, propriamente falando, uma Montanha cósmica: os sete andares representavam os sete céus planetários; subindo os, o sacerdote ascendia ao cume do Universo. Um simbolismo análogo explica a enorme construção do templo de Barabudur, em Java, erigido como uma montanha artificial. Sua escalada equivale a uma viagem extãtica ao Centro do Mundo; atingindo o terraço superior, o peregrino realiza uma rotura de nível; penetra numa “região pura”, que transcende o mundo profano.

Dur-na-ki, “ligação entre o Céu e a Terra”, era um nome que se aplicava a vários santuários babilônios (em Nippur, Larsa, Sippar etc.). Babilônia tinha inúmeros nomes, entre os quais “Casa da base do Céu e da Terra”, “Ligação entre o Céu e a Terra”. Mas é ainda em Babilônia que se fazia a ligação entre a Terra e as regiões inferiores, porque a cidade havia sido construída sobre babapsu, “a Porta de Apsu”, designando apsu as Águas do Caos anterior à Criação. Encontra-se a mesma tradição entre os hebreus: o rochedo do templo de Jerusalém penetrava profundamente o tehom, o equivalente hebraico de apsu. E tal como na Babilônia havia a “Porta de Apsu”, o rochedo do templo de Jerusalém tapava a “boca de tebóm”. (Eliade)