caráter do que é finito. Muito usual na filosofia moderna, esse termo designa mais particularmente uma característica própria da consciência humana, que se revela na angústia da morte (Heidegger), na impossibilidade de se expressar, para toda personalidade, de se dizer uma vez por todas, numa palavra ou ação (Jaspers); finalmente, na impossibilidade de fazer tudo ao mesmo tempo na vida, e na necessidade em que nos vemos, de escolher livremente, e de modo arbitrário, entre as possibilidades que nos são oferecidas (Sartre). (Larousse)
Eis a razão pela qual o Verbo tomou uma carne finita como a nossa: porque esta se tinha tornado presa do pecado e da morte. A carne, com efeito — como longamente o mostramos — abre o dimensional em que, produzindo sobre si mesmo, na relação tocante-tocado, as sensações de seu desejo, o homem tem o poder, que ele se atribui a si mesmo, de se tornar e de se fazer ele mesmo como o quiser. E, assim, de se adorar duplamente a si mesmo, tanto nesse pretenso poder como em seus prazeres. É essa adoração de si que conduz à morte, uma vez que o que é adorado — esse pretenso poder ou as sensações que ele produz — não tem, precisamente, o poder de se dar a si mesmo, de se dar a vida. E assim, adorando-os, é sua própria impotência o que o homem adora, é à sua finitude e à sua morte que ele se confia. (Michel Henry MHE)