deixar de viver

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Essa pesquisa ôntico-biológica da morte tem por base uma problemática ontológica. Permanece em questão como a essência da morte se determina a partir da essência ontológica da vida. De certo modo, a investigação ôntica da morte sempre já se decidiu sobre essa questão. Nela atuam conceitos sobre a vida e a morte, mais ou menos esclarecidos. Estes necessitam de um prelineamento através da ontologia da presença (Dasein). No âmbito da ontologia da presença (Dasein), que ordena previamente uma ontologia da vida, a análise existencial da morte subordina-se a uma caracterização da constituição fundamental da presença (Dasein). Chamamos de finar o findar do ser vivo. A presença (Dasein) também “possui” uma morte fisiológica, própria da vida. Embora esta não possa ser isolada onticamente, determinando-se pelo seu modo originário de ser, a presença (Dasein) também pode findar sem propriamente morrer e, por outro lado, enquanto presença (Dasein), não pode simplesmente finar. Chamamos esse fenômeno intermediário de DEIXAR DE VIVER. Morrer, por sua vez, exprime o modo de ser em que a presença (Dasein) é para a sua morte. Assim, pode-se dizer: a presença (Dasein) nunca fina. A presença (Dasein) só pode DEIXAR DE VIVER na medida em que morre. A investigação médico-biológica do deixar de viver logra resultados que, do ponto de vista ontológico, podem também ser relevantes, desde que se tenha assegurado a orientação fundamental para uma interpretação existencial da morte. Ou será que, do ponto de vista médico, até a doença e a morte devem ser concebidas primariamente como fenômenos existenciais? STMSC: §49

Uma “tipologia” do “morrer”, entendida como caracterização dos estados e dos modos em que se “vivência” esse DEIXAR DE VIVER, já pressupõe o conceito de morte. STMSC: §49

Isso apenas reflete que a presença (Dasein) não morre simplesmente ou até propriamente numa vivência do fato de DEIXAR DE VIVER. STMSC: §49

Não se deve confundir a angústia com a morte e o medo de DEIXAR DE VIVER. STMSC: §50

Com isso, ganha nitidez a delimitação frente a um mero desaparecer, a um mero finar ou ainda a uma “vivência” do DEIXAR DE VIVER. STMSC: §50

A certeza “meramente” empírica da ocorrência do DEIXAR DE VIVER nada decide sobre a certeza da morte. STMSC: §52

Que a presença (Dasein) cotidiana já é para o seu fim, ou seja, que ela constantemente se debate com sua morte, embora “fugindo”, mostra que este fim, que determina e conclui o seu ser-toda, nada tem a ver com o por fim DEIXAR DE VIVER da presença (Dasein). STMSC: §52

E manifesto que o ser-para-a-morte em questão não pode ter o caráter de empenho que se ocupa de sua realização. De um lado, a morte enquanto algo possível não é um manual e nem algo simplesmente dado possível, e sim uma possibilidade de ser da presença (Dasein). Assim, portanto, o ocupar-se da realização desse possível deveria significar DEIXAR DE VIVER. E, com isso, a presença (Dasein) retiraria de si o solo para um ser que existe para a morte. STMSC: §53