Ding
Uma mera coisa é, por exemplo, este bloco de granito. É duro, pesado, extenso, maciço, disforme, áspero, colorido, em parte baço, em parte polido. Tudo isto que enumerámos pode ser visto na pedra. Assim, tomamos conhecimento das suas notas características. Porém, as notas características dizem respeito àquilo que é próprio da pedra ela mesma. São as suas propriedades. A coisa tem-nas. A coisa? Em que é que pensamos quando consideramos agora a coisa? A coisa não é, manifestamente, apenas o aglomerado das notas características, nem sequer o amontoado das propriedades mediante o qual, somente, o conjunto surge. A coisa é – como todos julgamos saber – aquilo em torno do qual as particularidades se reuniram. Fala-se do núcleo (Kern) das coisas. Os gregos terão chamado a isto τὸ ὑποκείμενον. Este carácter nuclear (Kernhafte) das coisas era, decerto, para eles, o que (está) sempre já anteposto como base (Vorliegende). Pelo contrário, as notas características chamam-se τα συμβεβηκότα, aquilo que também sempre já se pôs junto àquilo que, em cada caso, está anteposto, e que se apresenta em conjunto com ele. (GA5BD:15)